dagação:
será que finalmente brasileiros e gaúchos se livrarão do pecaminoso e sutil
complexo de inferioridade que (consciente ou inconscientemente não sei dizer)
os professores fizeram a gente cultivar quando falavam da civilização grega?
Minha geração entra nisso no antigo ginásio
do inicio dos anos 1960 e não para. Ao abordar história (Heródoto, Tucídides),
filosofia (Sócrates, Aristóteles, Platão), matemática (Pitágoras, Euclides,
Arquimedes), literatura, lógica (instrumento vital para outras ciências),
medicina, (o juramento é de Hipócrates), biologia, física, geografia, átomo,
astronomia, teatro, arquitetura, música, pintura, esporte e outras coisinhas os
gregos sempre foram, são ou podem se referenciados.
Quem suporta tal matraquear, ano, após ano,
sem pontinha de inveja? Só tendo sangue de barata. Ainda mais quando nos
retratam como Macunaíma! Claro, para compensar temos a Amazônia (putsgrila, ia
citar o futebol, mas Alemanha e Paraguai vieram à mente) e o que mais? Os
revolucionários dos anos 60 chafurdam na lama, mas ainda somos a Nação do
futuro. Quem nega? Óbvio, o Rio Grande tem a suas façanhas.
Deixando de lado as firulas, quem ousaria
afirmar que um dia gregos, brasileiros e gaúchos estariam no mesmo barco? Quem
diria que estaríamos remando ao som do tambor, buscando ir em frente remada a
remada, engolindo o mesmo suor salgado que relutamos em gastar antes e agora
passando as mesmas humilhações e penúrias?
Para a sutil inveja conforta, nesta hora do
pega-pra-capar, dizer que somos feitos do mesmo barro e nem os deuses do Olimpo
podem ajudar? O fato é que fomos, no mínimo, imprevidentes. Conjugamos o mesmo
verbo: eu devo e não consigo pagar, você deve e não consegue pagar, ele deve e
não tem como pagar.
Na raiz da crise grega está a dívida de
mais de R$ 1 trilhão de reais e o país não tem condições de pagar. A explicação
é simples: por anos gastou bem mais do que arrecadava e financiava gastos
através de empréstimos. A Grécia já fazia isso antes do euro; e o governo
seguiu gastando mais do que podia após a chegada do euro, em 2001.
E o que ocorreu com o Brasil que está de
calças na mão? E o Rio Grande, o que, mesmo, fez? Nada diferente que não acabe
com a inveja dos gregos. Como eles, gastamos, anos após anos, como se dinheiro
fosse macega. Gastamos, especialmente os gaudérios, muito e mal, foi farra
grossa de dar inveja a Dionísio, Deus do Vinho.
Assim, fica lindaço de se ver que além da
gastança sem freios, o que ajudou a enterrar a Grécia, foi corrupção. Sacaram?
A inveja some por demais, finalmente temos algo comum com a tão avançada
civilização: também somos especialistas em corrupção. Gastança irresponsável e
corrupção.
Que coisas, eles, os gregos, com seu
cabedal de sabedoria e conhecimento que alimenta nossa inveja são tão ou mais
corruptos do que nós, mortais simplórios. E nós, com tanta coisa boa para
copiar fomos justamente fazer as piores escolhas e entrar nessa de gastar o que
não temos e corromper a não mais poder?
Quem diria, acabamos todos nos mesmo barco.
Que Posseidon tenha piedade de nós nesse mar de lama! Especialmente de nós do
Rio Grande que, neste momento, sofremos duplamente: por ser brasileiro e por
ser gaúcho...
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