Como o faço desde 9 de
fevereiro de 2011, sem falhar um só sábado. Este inicio com o meu pensamento
vagueando sem destino, como se tivesse sendo uma folha seca levada pelo vento
em momento de muita preocupação.
Estamos vivendo em tempo de
desonestidade, que significa ser indigno, torpe, desprezível e devasso. É
doloroso moralmente, diante do silêncio de “Excelências” que compõem a Comissão
Parlamentar de Inquérito, sobre a Operação Lava Jato, ouvir de cabeça erguida e
impáfia, cantando música de Roberto Carlos, Nelma Kodama, presidiária e amante,
durante 9 anos, do doleiro Alberto Youssef, que “sem corrupção o Brasil
para. O Brasil parou com a Operação Lava Jato”. Pergunto aos amigos de todos os
sábados. Ela falou verdade ou não?
Em outras declarações advogados
e empresários presos disseram que “a propina faz parte do jogo se a ampresa
quiser vencer a concorrência”.
A desonestidade é no Brasil a
regra e a exceção, a honestidade. Os que tentam ser honestos são alvos de
grande pressão e muitos pagam preço muito alto. Mas quero chegar no porquê de
tantos homens públicos, a grande maioria, estarem envolvidos em constantes e
seguidas ações desonestas, já não sentindo na face o rubor da vergonha,
achando-se ainda perseguidos pela imprensa, chorosos na televisão, humildes e
demonstrando inocência.
Penso até que o culpado é o
povo eleitor, que elege para a administração pública, representantes que não
tem outro interesse senão o de vantagem pessoal. Em campanhas fazem as melhores
promessas de trabalho e o povo acredita. Não as cumprindo, são vedadeiros
desonestos que vão se juntar a outros que se encontram enraizados neste campo
de atuação política.
Assim, busco Dan Ariely,
professor israelense de economia comportamental, que já foi tema de um artigo
nosso, em frases: “Se você colocar uma pessoa claramente desonesta na sala,
isso aumenta a tentação à desonestidade nas outras pessoas.” Em testes feitos,
Ariely plantou junto a um grupo de pesquisados, um aluno seu, que visivelmente
trapaceava. Na companhia desse, o número de trapaceiros duplicou. Ariely afirma
categoricamente: “Fraudar é infeccioso.”
Em reportagem do jornalista e
maçom Helmiton Prateado, intitulada “A retomada dos deveres”, aqui no Diário da
Manhã, edição de 18 de maio, declarei: “Estamos vivendo um momento que o
importante é ter sucesso na vida a qualquer custo, independente de causar
malefícios para nossa existência, para nossas famílias e para nossa sociedade.
Isto corrompe o sentido da cidadania, que é formar cidadãos corretos, honestos,
que desenvolvem suas lutas e se tornam bons empresários, bons políticos, bons
chefes de família.”
Práticas assim corrompem o
sentido de cidadania. A origem do malefício que provoca degradação, reside em
vícios morais difundidos por veículos e mídia deploráveis e programas de
televisão que corroem costumes, como novelas e seriados imorais. Sociedade
deformada produz maus cidadãos. Podemos ter claro que a próxima geração deverá
ser pior que a atual, porque estamos formando nossos jovens assim. A fábrica em
que estamos fazendo nossa mocidade é de uma cidadania de êxito, sem levar em
consideração qualquer valor.
A política do Brasil na
atualidade é incentivadora para o mau cidadão, para a corrupção. É preciso
retomar o trabalho de construir bases para a virtude e para a cidadania com
urgência, pensando nas duas gerações à frente. Recolhi algumas frases que mais
ainda fortalecem minha inquietação.
“A honestidade nos negócios é
coisa do passado, e os que tentam ser honestos estão condenados ao fracasso.”
“Meu trabalho é fechar contratos
para minha empresa. Ofertas de suborno são comuns. A tentação de ganhar
dinheiro fácil é grande.”
“Os empregados talvez achem que
recorrer à desonestidade é o único modo de atingir as metas dos patrões e
gerentes.”
“Nós pensávamos que tínhamos
que fazer isso… De outra forma, a empresa iria a falência.”
“Colegas de trabalho e clientes
às vezes sugerem ou até exigem, que você participe de esquemas desonestos.”
“Um gerente de um importante
cliente disse que não faria mais negócios comigo se eu não lhe desse sua
parte.”
“Em muitos países, autoridades
corruptas exigem um pagamento antes de realizar suas obrigações e aceitam
prontamente dinheiro em troca de tratamento especial.”
“É sempre dificil distinguir
uma gorjeta de um suborno.” “A desonestidade é considerada normal,
necessária e aceitável, desde que você não seja pego.”
É incrível que as pessoas que
fazem algo desonesto, como estamos assistindo pelas televisões no presente
momento no Brasil, se consideram honestas, tentando transmitir que o seu comportamento
foi correto e que estão sendo injustiçados. Vivemos a época de que a
desonestidade só é criticada quando descoberta e as pessoas que conseguem se
safar são consideradas espertas por sua “criatividade”.
Concluo com a pesquisa de Dan
Ariely. “Um por cento das pessoas é sempre honesta. Um por cento, sempre
desonesto. O problema é com os outros 98%.” Para onde você acha que vão os 98%?
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário