sexta-feira, 29 de maio de 2015

Uma questão de gosto ou não...

Certa vez escrevi que o problema de quem escuta música a todo volume não é o barulho, mas o mau gosto. E como gosto é algo que nem com muito dinheiro a gente consegue mudar (ou comprar), essa é uma situação impossível de resolver. Se na sala de parto a criança que acabou de sair do útero de sua mãe para de chorar porque escuta um ritmo pra lá de duvidoso, vindo de algum celular no corredor da maternidade, é caso perdido para o resto da vida.
Recentemente um estudo feito nos Estados Unidos tentou mapear a qualidade da produção musical, embora a explicação para a pesquisa tenha sido outra, acho que para não ferir o sentimento de alguns músicos. A surpresa veio no resultado.
 As letras criadas pelos artistas corresponderam ao nível de leitura de uma criança na terceira série, o que representa os oito anos no sistema de ensino dos Estados Unidos.

Apesar de o trabalho ter sido feito na parte de cima das Américas, ele poderia ser aplicado ao Brasil. Mas por aqui talvez o resultado fosse outro, com letras associadas a crianças de cinco anos, no início do processo de alfabetização. Só assim mesmo para explicar construções estranhas como "Analisando essa cadeia hereditária, quero me livrar dessa situação precária" (grupo As Meninas, lembra?).
A pesquisa norte-americana analisou as letras de 225 canções que chegaram às paradas de sucesso no ano de 2005 e utilizou testes padrão para determinar a dificuldade de leitura. Além de o nível corresponder à terceira série, identificou-se que ele tem diminuído ao longo da década. Ou seja, tá ainda pior hoje em dia.
No nosso país, a incapacidade dos artistas atuais de produzirem algo inteligente (estou falando de gosto, gente, não esqueçam) explica porque cada vez mais eles estão recorrendo a sucessos dos anos 80 e 90 para voltarem a fazer algum sucesso. Se estão por baixo, lançam regravações de quem realmente produziu algo digno de ser ouvido. Já tem pagodeiro, funkeiro, sertanejo e grupo pop recorrendo a hinos da MPB. Chamam de releitura. E eu continuo chamando de mau gosto.
Ninguém é dono da verdade para dizer isso é bom ou ruim. No fundo, tudo se resume a gosto - e uma dose significativa de mercado, vamos combinar. Só sei que toda vez que coloco meu pen-drive no rádio do carro, com músicas de outro período, meus dois filhos pedem para aumentar o som.
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Um comentário:

  1. Realmento gosto é gosto, eu particularmente não gosto da música brasileira atual, não sinto melodia e principalmente a letra é uma mistura de vogais e consoantes sem nenhum significado, mas gosto é gosto e vamos esperar que algo mude(para melhor pelo amor de Deus) nesse cenário.

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