A
população brasileira carece de visão!
Evidentemente,
a frase pode ser interpretada das mais variadas maneiras, dependendo do ângulo
pelo qual a questão esteja sendo analisada.
Tive o
prazer de, na quinta-feira passada, fazer a abertura do V Fórum Nacional de
Saúde Ocular, organizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, realizado
nas dependências do Senado com o meu total apoio.
Em toda
a minha vida pública tenho levantado a bandeira do social nos mais variados
matizes que assume dentro da sociedade brasileira. Na questão da saúde,
não podemos desconsiderar a evolução das políticas públicas desta área no
Brasil, como subsídio para termos uma melhor compreensão dos aspectos
históricos que influenciaram a conformação de um sistema de saúde que, temos
que reconhecer, tem sido ineficaz e ineficiente.
Na área
da saúde ocular, dados, do próprio Conselho Brasileiro de Oftalmologia, revelam
que metade dos 150 milhões de brasileiros que dependem da saúde pública não tem
acesso direto aos profissionais oftalmologistas. Acrescente-se a esses números
o fato de que dos 1,2 milhão de cegos no Brasil, certa de 700 mil poderiam ter
tido essa condição evitada, ou revertida, se tivessem tido acesso ao tratamento
oftalmológico.
Os
problemas de visão, mais do que possamos pensar, têm uma alta incidência, tendo
impacto negativo sobre a qualidade de vida das pessoas, implicando, inclusive,
restrições no exercício profissional, com reflexos econômicos e sociais na vida
das pessoas.
Se no
mundo existem 314 milhões de pessoas com dificuldade visual, no Brasil,
estima-se, 14,5% (29 milhões) da população apresentam algum tipo de problema.
Desse contingente 48,1% (96 milhões) são deficientes visuais. Porém, conforme
dados de pesquisa do CBO, confirmados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 75%
de toda cegueira são tratáveis e/ou evitáveis.
Embora
o País supere a relação recomendada pela Organização Mundial de Saúde para a
relação de oftalmologistas por habitantes, o acesso aos profissionais,
por vários fatores, é extremamente precário.
O Censo
Oftalmológico 2014 do Conselho Brasileiro de Oftalmologia revela que em “apenas
848 dos 5.570 municípios brasileiros, ou 15%, contam com o atendimento de
especialistas em saúde ocular”. Ou seja, um quarto da população brasileira
continua sem atendimento.
O Fórum
de Brasília aprofundou as discussões sobre o Programa Mais Acesso à Saúde
Ocular, protocolado pelo CBO no Ministério da Saúde, com 15 iniciativas na
direção da universalização do atendimento e na redução do número de pessoas
afetadas por doenças oculares.
Entusiasma-me
no projeto o objetivo de expandir o atendimento oftalmológico nacional,
sobretudo em áreas carentes, onde há pouca oferta de atendimento médico
oftalmológico.
Assim
sendo, o CBO está se propondo a ir ao encontro da população brasileira,
atendo-a nas suas carências de saúde ocular, e dispondo-se, mesmo como um órgão
de classe, a ser instrumento social de melhora da qualidade de vida de sofridas
parcelas da sociedade brasileira.
Como o
dia 7 último foi o dia dos oftalmologistas, meus cumprimentos pela alcance
social da iniciativa da categoria.
Lúcia
Vânia. Ouvidora geral do Senado.
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