O Brasil possui
quase 2.000 produtores devidamente registrados. Estima-se que esses produtores
possuam uma capacidade instalada de produção de aproximadamente 1,2 bilhão de
litros anuais da bebida.
A declaração para o reconhecimento da Cachaça e da
Tequila como produtos distintos do Brasil e do México foi assinada ontem pela
presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e pelo presidente do México, Enrique Peña
Nieto. Esse é o terceiro país a reconhecer a Cachaça como um destilado
exclusivo do Brasil. O primeiro foi a Colômbia, em 2012, e o segundo foram os
Estados Unidos, depois de mais de uma década de negociação dos produtores e do
governo brasileiro.
As tratativas entre os dois países estavam em
andamento há alguns anos, mas foi a partir de junho de 2014, com a renovação de
um convênio firmado entre o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e o
Conselho Regulador de Tequila (CRT), que a movimentação em torno do processo de
reconhecimento recíproco recebeu maior atenção do governo. O resultado final
deste esforço conjunto entre as entidades representativas da Cachaça e da
Tequila acontece agora.
A ida de representantes do Ibrac ao México no ano
passado integrou as ações do Projeto Setorial de Promoção às Exportações de
Cachaça firmado entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil) e a entidade. A visita teve como objetivo a
realização de ações de benchmarking com a Tequila com o intuito de melhorar o
trabalho de promoção e defesa da Cachaça em mercados internacionais.
O convênio com a Apex-Brasil foi renovado em
dezembro de 2014 e terá duração de dois anos.
O novo convênio prevê investimentos de R$ 1,3
milhão e conta hoje com a participação de 38 empresas, entre micro, pequenas,
médias e grandes.
Ao longo dos dois anos, esse recurso será utilizado
em ações de promoção da Cachaça no mercado internacional, especialmente em
países prioritários do projeto: Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.
Segundo Cristiano Lamêgo, presidente do Conselho
Deliberativo do Ibrac, entidade representativa do setor produtivo da Cachaça,
“a assinatura da declaração de reconhecimento é um momento histórico para a
Cachaça e é o resultado dos esforços conjuntos entre o governo brasileiro e o
setor privado”.
As exportações de Cachaça atualmente estão aquém do
potencial de mercado e estima-se que apenas 1% do volume produzido é exportado.
Apesar de ainda serem modestas, nos últimos 5 anos as exportações de Cachaça
para o mercado mexicano cresceram mais de 611% (em valor) e 800% (em volume).
Com quase 500 anos de história, a Cachaça é a
denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, tendo
como matéria-prima exclusiva o mosto fermentado do caldo da cana-de-açúcar, com
teor alcoólico de 38% a 48%. Atualmente é o 3º destilado mais consumido no mundo,
sendo produzido em várias destilarias espalhadas pelo Brasil.
Com o reconhecimento da Cachaça, Lamêgo
acredita que as empresas aumentarão seus investimentos no mercado mexicano e
isso poderá representar um bom aumento nas exportações.
O sucesso da Tequila no mercado internacional é um
exemplo para a Cachaça. Enquanto em 2014 as exportações de Tequila
representaram uma receita de mais de U$ 1 bi para o México, o Brasil exportou
pouco mais de US$ 14 milhões do destilado exclusivamente brasileiro.
Outro ponto de destaque está relacionado à proteção
internacional. Enquanto a Tequila é protegida em mais de 46 países, incluindo a
União Europeia, a Cachaça está protegida em apenas dois (Estados Unidos e
Colômbia). O México é a partir de agora o terceiro país a reconhecer o
destilado brasileiro. Segundo o presidente do Ibrac, o reconhecimento da
Cachaça pelo México tem um valor imensurável e impedirá o uso da denominação
Cachaça por produtores de outros países. Cristiano também destaca a necessidade
de assinatura de outros acordos para promoção, valorização e proteção da
Cachaça, como destilado genuíno e exclusivo do Brasil, a exemplo do que tem
feito o México com a Tequila e o Reino Unido com o Scotch Whisky.
Os números da Cachaça
· O Brasil possui quase 2.000 produtores devidamente
registrados, com 4.000 marcas.
· Estima-se que esses produtores possuam uma
capacidade instalada de produção de aproximadamente 1,2 bilhão de litros anuais
da bebida, porém, anualmente são produzidos aproximadamente 800 milhões de litros.
· Exportações: Em 2014 a Cachaça foi exportada para
66 países. Atualmente são mais de 60 empresas exportadoras (40 dessas apoiadas
pela Apex-Brasil), gerando uma receita de US$ 18,33 milhões (10,18 milhões de
litros). Comparando-se os números, em 2014, houve um aumento de mais de 10% em
relação à 2013. Também houve um aumento de mais de 10% no volume, sendo
exportado um total de 10,18 milhões de litros em 2014.
· Principais Regiões Produtoras: São Paulo,
Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.
· Principais Regiões Consumidoras: São Paulo,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Minas Gerais.
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Interessante!
ResponderExcluirMas, para ser sincero, eu já desconfiava de que a categoria já fosse organizada há muito tempo.
E o que é melhor disso tudo, a cachaça é tão brasileira como o whisky é escocês ou a vodka é russa. É uma das nossas marcas registradas lá fora!
Excelente artigo.