Recentemente, muitos depoimentos e
reportagens sobre os livros de colorir para adultos foram espalhados pela
internet e demais meios de comunicação. Neles, era facilmente encontrada a
expressão: "é (como) uma terapia". É uma questão clara a todos de que
estes livros tornaram-se uma "febre", mas poderia substituir este
exemplo por qualquer outra atividade vista (ou descrita) da mesma maneira.
Acredito que a maioria dos psicoterapeutas
tenham chegado no mesmo denominador comum, de que há uma confusão ainda, muito
enraizada, da diferença entre psicoterapia e atividades terapêuticas.
A psicoterapia, tão complexa para ser
resumidamente descrita, compõe o conjunto de diversos fatores como relação
entre o psicoterapeuta e o paciente; um profissional capacitado e apoiado a
referenciais teóricos; o compartilhamento de sentimentos e vivências deste
paciente, que serão devidamente trabalhados e refletidos em terapia. A
psicoterapia é uma troca, é uma experiência entre profissional e paciente
vivida conjuntamente, há uma dedicação mútua para que o encontro do paciente
com ele mesmo seja realizado. Ou seja, é um processo baseado na ação de tornar
consciente àquilo que lhe é necessário, é um processo de redescoberta,
reconstrução, de ressignificação. É um processo profundo.
Por outro lado, uma atividade terapêutica é
uma prática realizada com intuito de envolver aquele que a pratica, podendo
estimular habilidades e potencialidades (como atividades manuais, dança, canto,
esportes, entre outros), podendo ou não estimular a socialização e trazendo
como consequência a sensação de relaxamento. O envolvimento com essas práticas
abstém o sujeito de pensar naquilo que o aflige, consequentemente, estar focado
em algo que lhe traz prazer é relaxante. A atividade terapêutica é de escolha
subjetiva e, por esta razão, não serão todas as pessoas que irão se sentir
satisfeitas colorindo estes livros para adultos. Porém, é uma atividade
supérflua e totalmente distinta do processo terapêutico - tanto em seu
processo, como em seus efeitos.
As atividades terapêuticas são, sem dúvida,
essenciais para melhorar a qualidade de vida de qualquer ser humano.
Principalmente quando somos envolvidos por rotinas incessantes e estressantes.
O tempo para si, onde é possível realizar uma atividade prazerosa e "tranquilizar"
a mente, irá, sem dúvida, trazer muitos benefícios. No entanto, não deve ser
confundida com o processo psicoterapêutico, que envolve questões absolutamente
mais profundas, que, ao contrário das atividades terapêuticas, não serve como
"fuga", mas como "encontro".
Portanto, se há sofrimento ou problemas
pessoais, o indicado é que se busque o auxílio de um profissional capacitado
que esteja disposto a acompanhá-lo nesta jornada de ressignificação. Neste
caso, as atividades terapêuticas pouco poderão resolver. Uma prática jamais
poderá substituir a outra.
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