Em uma convivência harmônica
entre os seres humanos é natural a existência de pensamentos diferentes,
conflitos de interesses e posições antagônicas, porém, com o poder de uma boa
comunicação, mesmo que ocorram debates, com respeito mútuo as razões serão esclarecidas,
certamente ocorrerão convencimentos ou aceitações conduzindo a um consenso. O
que não agrada é a imposição pelo grito, truculência ou intimidação.
Gritar, quase sempre dificulta
a comunicação. Imagine o quanto é desagradável a situação de uma esposa ao
receber o esposo, dirigindo a ele, toda carinhosa fala alguma coisa, e ele,
talvez aborrecido com alguma ocorrência no trânsito ou no trabalho, perde a
calma facilmente e grita por nada, sem provocar ela sofre com seu mau humor.
Pense na decepção de uma criança que toda feliz comenta com o pai ou a mãe algo
da escola, de um coleguinha, de um novo jogo que viu ou qualquer coisa
interessante para ela, e o seu pretenso interlocutor não lhe da atenção e às
vezes, com grosserias ou abordando outro assunto, quase sempre a
repreendendo por algo que não tem nada a ver com seu momento.
Outra situação
que merece ser analisada é a de quem trabalha diretamente no atendimento de
pessoas, lidando com situações individuais diariamente, é claro que ele precisa
se preparar para o trabalho e precisa manter-se calmo, não deixar que seus
problemas particulares afetem no atendimento aos seus clientes, entretanto,
nessa relação atendente/cliente, muitas vezes um não se coloca no lugar do
outro, o atendente despreparado não demonstra interesse em resolver a demanda
do cliente ou o cliente deseja resolver suas situações, mesmo não atendendo as
exigências normativas, às quais, o atendente deve obediência, nessa relação,
por vezes o usuário prejudica seu atendimento quando chega armado, faltando com
o respeito e a educação, pronto para brigar, impossibilitando a manutenção da
calma e uma boa verificação de casos.
Gritando, esmurrando a mesa, fazer cara
feia pode até intimidar e conquistar obediências, mas, não convence e não conquista
respeito. Quem está com a razão, através do diálogo encontrará a força do
convencimento, será efetivo e chegará melhor ao coração dos demais. Para nossa
reflexão transcrevo parte de um diálogo, salvo engano, da sabedoria chinesa:
“Por que as pessoas gritam
quando estão aborrecidas?” “Gritamos porque perdemos a calma”, disse um deles.
“Mas, por que gritar quando a
outra pessoa está ao seu lado?”, questionou novamente o pensador.
“Bem, gritamos porque desejamos
que a outra pessoa nos ouça”, retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
“Então não é possível falar-lhe
em voz baixa?”
Várias outras respostas
surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu:
“Vocês sabem porque se grita
com uma pessoa quando se está aborrecido?”
O fato é que, quando duas
pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta
distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas
estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da
grande distância.
Por outro lado, o que sucede
quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam. Falam
suavemente. E por quê?
Porque seus corações estão
muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos
seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso,
não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas
pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui,
dizendo:
“Quando vocês discutirem, não
deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais,
pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o
caminho de volta.”
Não precisamos gritar para que
alguém nos olhe, são nas atitudes pequenas que somos vistos. Através de um
olhar, ou de um gesto simples é que seremos melhor compreendidos,
principalmente se apenas falarmos, podemos ser ouvidos se falarmos baixo quando
se está próximo. A melhor maneira para se manter a harmonia entre as pessoas é
falar sempre com o coração.
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