quinta-feira, 21 de maio de 2015

O que há de velho?

É muito comum e repetitivo nós encontramos alguém e lhe tascar a pergunta: o que já de novo? Pois hoje, me deu na telha de fazer a pergunta do contrário. O que há de velho? Ninguém pode esquecer o passado. O passado já foi presente e até futuro. Tudo é questão de tempo. O tempo é o determinante do velho e do novo.  Olha o tempo aí! Um conceito que parece não ter conceito. Se pegarmos 10 pessoas eruditas nos mais diferentes ramos do saber e pedir-lhes um conceito de tempo, cada uma certamente terá uma opinião diversa das outras. Será puramente subjetivo. Einstein por exemplo definiu assim:” O tempo foi uma maneira que Deus encontrou para que as coisas não ocorressem de uma só vez”. Definição axiomática, bela , mas subjetiva.
Assim parece também ocorrer com passado, presente e futuro. Com o novo e o velho idem. Deixando a digressão filosófica, à parte, vamos ao que há de mais prático e compreensível em termos de novo e de velho. Todos somos ávidos e curiosos pelo novo, pelo inaudito, pelo que ainda não aconteceu, mas que  pode ser uma novidade a qualquer momento. Nós, humanos, temos a tendência de trocar o usado pelo novo, o tradicional pelo moderno, o antigo pelo atual. Assim pensando e agindo será que temos razão?
Quando pensamos em tecnologias, em utensílios, em instrumentos de trabalho, produção e entretenimento tem-se como plenamente válido tal expediente. Se tenho um tear e surge uma máquina com maior produtividade na fiação da lã não tem como não trocá-lo por essa nova tecnologia, essa nova descoberta. Nos exemplos aqui citados fica fácil a nossa compreensão nessa tendência humana, desejosa e apressada pelo que há de novo.
Vamos a algumas questões no campo abstrato. Em termos de aquisição de conhecimento. Olhemos atentamente como nossos antepassados buscavam se aprofundar nas Ciências em todos os ramos do saber. O homem (gênero) na busca em deslindar os fenômenos científicos e metafísicos tinha um vínculo mais forte e íntimo com a natureza. Ele era um ser mais pensante, mais centrado em desvendar as suas dúvidas sobre todos os fenômenos à sua volta. As pessoas da era da informática e da internet andam tão fascinadas e embriagadas pelo mundo virtual que nem pensam mais como antes.
O mundo virtual traz tudo acabado, tudo prontinho. É tudo muito lindo, multicolorido, com design para todos os gostos. Com um detalhe: tudo fútil, raso, superficial e de gosto duvidoso. Na Internet não se tem controle de qualidade e precisão de nada. Todo mundo fala e escreve as abobrinhas e futilidades a bel prazer.
Para dar mais consistência e foro real a essas premissas do velho método em se apossar de mais conhecimento basta pontuarmos alguns exemplos da História. Remontemos aos conhecimentos da matemática e geometria pelos gregos(Euclides, Pitágoras).
Passados mais de 2000 anos o que foi acrescentado àqueles velhos teoremas e fórmulas ? Quase nada! Na sistematização da Filosofia pelos pensadores da mesma época? Pouca coisa foi adicionada. Em astronomia de um Copérnico e Galileu Galilei. O que de revolucionário foi alcançado depois desses cientistas?
Voltando ao nosso mundão de hoje e para o nosso Brasil. O que temos de velho? Neste terreno das velhas práticas temos levas e levas de condutas e hábitos que não mudaram em nada quando olhamos para trás. Uma delas, a Política. Todos hão de lembrar de quando éramos colônia de Portugal. Época em que se fazia a partilha das terras entre os donatários e nobres do reino.
Eu fico a olhar  o Brasil de hoje, quando o presidente(a) se elege com o apoio de partidos amigos e depois divide o país entre ministérios. Parece que de novo estamos sendo colonizados pelos donatários da nação e do PT. Tudo como dantes no quartel de  Abrantes. Só de cargos comissionados são mais de 25.000. São os apaniguados e apadrinhados(donatários ) do(a) presidente. A bola da vez é a presidente Dilma Rousseff e seus protegidos de esquerda. Esses funcionários sem concurso se parecem com as vassalos , ligados aos senhores feudais. Como a História se repete, tudo velho.
E os jeitinhos desonestos e ladravazes de governar? Igualzinho aos velhos hábitos do Brasil imperial e dos tempos dos coronéis. A corrupção, o tal do fisiologismo, do toma lá dá cá, do compadrio. Nada mudou. Tudo vetusto como antes .
Para sair da política eu cito exemplos da cultura e preconceito da sociedade. Dia desses eu refletia sobre a rejeição das pes-   soas, felizmente uma minoria, contra as campanhas de vacinação antigripe. Há uma parcela menor da sociedade que além de não tomar a vacina faz campanha difamatória contra a eficácia dessa prevenção.
 Então eu me lembrei da revolta da vacina, aquela ocorrida no Rio de Janeiro em 1904, contra a vacinação da varíola  . O sanitarista Osvaldo Cruz era o diretor geral de Saúde Pública na época .  Ou seja, até em termos de ignorância e preconceito temos mais do mesmo e do antigo como esta odiosa velhice de antes e de sempre . Eu acho que estou ficando meio velho, sem perceber. Que triste! Não?


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