Outro dia, participei de uma
atividade que me fez refletir sobre nossa atual maneira de pensar e considerar
as coisas. O tema a ser discutido era sobre descobertas, invenções e inovações
do homem. A primeira pergunta foi: “Quais foram as principais descobertas ou
invenções do Homem?”, a maioria das respostas foi relacionada a “internet”,
“computador”, “eletricidade”. É claro que o desenvolvimento tecnológico, a
internet e os computadores, foram e são importantes. Mas e se não tivéssemos
o fogo, a roda, a matemática, a linguagem ou o papel,
essas outras invenções existiriam?
Outra pergunta foi: “O que
vocês acham mais inovador, uma melancia quadrada ou esta caixa de leite
achocolatado com baixo teor de gordura?”. Percebi que fazia muito sentido as
pessoas responderem sobre a melancia, considerando que vivemos em uma sociedade
baseada na imagem. Super valorizamos como as coisas se parecem, o que
tem por trás disso, ou o processo que levou ela a se parecer com o que ela é, é
bem menos interessante. Além do mais, os produtos inovadores, diferentes, são
completamente mais atraentes do que aqueles já ultrapassados e incansavelmente
vistos, como uma banal caixa de leite.
Precisei explicar minha
opinião, já que fui a única a responder que era o leite.
Defendi que o processo
realizado para que a melancia ficasse quadrada, era simplesmente colocá-la em
uma caixa durante o seu crescimento. Contudo, para que o leite ficasse como
consumimos hoje, precisou passar por um processo muito mais apurado. Desde sua
coleta até o tratamento recebido em uma fábrica, para mudar a sua estrutura,
como o colesterol. Além do mais, o achocolatado é adicionado, e também vem
dentro de uma caixa (ambos invenções do homem). Ou seja, numa simples caixa de
leite achocolatado de baixa gordura, temos uma infinidade de processos e
invenções do homem, enquanto que, no caso da melancia quadrada, a grande
revolução é a caixa que a melancia é posta, o resto segue como o processo
normal de crescimento da fruta.
A questão principal que tento
trazer aqui, nada tem a ver com melancias ou caixas de leite, mas com a forma
como as coisas são pensadas e vistas. O quanto ainda somos, mesmo
tão modernos, limitados em nossos pensamentos. Deixamos de lado a história
das coisas, esquecemos todo o processo de evolução da qual passamos para ser o
que somos hoje, para ter o que temos hoje. E, me permitindo ampliar o assunto,
muitas vezes utilizamos dessa “linha de pensamento”, com as outras pessoas e
com as outras áreas da nossa vida. Acredito que essa seja a parte mais preocupante.
Portanto, me parece sempre válido reavaliar.
Às vezes pensamos coisas do tipo: “Se eu sair
de casa sem o celular vai ser um problema!”, mas não percebemos que um
sorriso, ou um “boa tarde” para as pessoas do trabalho serão mais
significativos do que estar com o celular; que aquele amigo ou colega com a
qual se está discutindo, ou a família, que muitas vezes é rejeitada, mesmo
cheia de defeitos, também farão muito mais falta do que um celular.
Refiro-me aqui, sobre uma visão
social, vivida em diferentes intensidades, mas que é encontrada, cedo ou tarde,
no discurso de qualquer pessoa. Evidentemente, focamos mais, em nosso
cotidiano, no que nos é novidade. Hoje as pessoas passam mais tempo nas redes
sociais, do que nas rodas de chimarrão, por exemplo. Ou seja, não foram os meus
colegas que me surpreenderam, pois eles são apenas a parcela de uma totalidade.
Com certeza, essa visão está em todos nós, por estarmos em uma sociedade
capitalista, expressa e individualista.
Sugiro a nossa reflexão e que
possamos diariamente nos perguntar: Hoje estou optando por melancias quadradas
ou por caixas de leite achocolatado de baixa gordura?
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Concordo em gênero, número e grau com a autora do artigo.
ResponderExcluirAs pessoas em geral não tem o costume e refletir, pensar, analisar. É somente quando se faz um reflexão como esta que se chega à conclusão de que, conforme citado, passamos a valorizar o não óbvio que está oculto.
E essa nossa deficiência vem desde a nossa infância, nas escolas. As crianças não são ensinadas a pensar. Apenas decoram , sem entender o real significado do que "aprendem".
Excelente artigo!