quinta-feira, 10 de junho de 2010

O barco







Ao pensarmos nesta vida de lutas, permeada de vitórias e derrotas, na qual somos diariamente testados, sondados e observados por Deus e pelos homens, sabemos que, a todo instante, devemos tomar decisões. Entretanto, esse movimento da existência humana, principalmente nos piores momentos, requer de nós prudência, paciência e essencialmente fé. Sem essas graças, corremos o risco de errarmos e consequentemente prejudicarmos o percurso da nossa história em Cristo. A indecisão, a dúvida, o medo, a angústia, o desânimo e as tentações são agruras que nos cegam, fazendo com que não saibamos discernir a quem devemos, verdadeiramente, seguir e obedecer. O tempo é curto. Portanto, o que fazer?
Imaginemos que somos tripulantes de um grande barco que atravessa um oceano, navegando à noite, sob fortes ventos e trovoadas, e uma enorme tempestade. Na proa está o capitão, cujas orientações seguimos: qual rumo tomaremos, como e quando, ou seja, entregamos nossa vida a ele. O frio da noite aumenta, a água da chuva cobre o convés, e este balança e sacode a todos nós. Nossos sentimentos vacilam e então pensamos: será que conseguiremos chegar vivos ao outro lado?
Começamos a indagar: o capitão conseguirá dominar essa situação? A chuva vai passar? Até que hora, ou dia, viveremos esse tormento? A tripulação divide opinião em relação ao comandante: uns querem que outro tripulante o ajude, outros não. O que fazer diante de tantas inquietações? Um passageiro, que se diz experiente nesses casos, se oferece para comandar o barco e afirma ter um caminho melhor. O arrais da tripulação pede que nos acalmemos, afirmando que tudo ficará bem. Mas quem disse que o povo crê? Diante de tanta aflição, pouquíssimos. A grande maioria pede que o mestre desocupe o posto e dê lugar a outro. Mudamos ou não o chefe da tripulação? - pergunta um tolo a um sábio.
No momento de desespero, alguns pensam em suicídio, outros clamam a Deus, e os que clamam não conseguem conter a vontade de viver e de ver salva a vida dos que mais amam. Muitos creem que, fora desse barco, ficarão em condições melhores e serão salvos, porque sabem nadar bem, têm coletes, e por isso tentarão, nadando, chegar à praia. Não conseguindo conter o tormento, pulam em alto-mar. Questionamos: será que viverão? Podemos dizer que esses são confiantes ou ignorantes? São incontroláveis os gritos e o choro daqueles que ficaram na embarcação, vendo os entes queridos se arriscarem. O mestre, ao saber que o número dos que pularam é significativo, se entristece, porque nele não confiaram.
Irmãos, esse barco é nossa vida e o comandante é o Deus Vivo, Pai, Filho e Espírito Santo, o único a quem devemos entregar nossas vidas e clamar nas atribulações: para onde, quando, como e com quem iremos. O outro é o mal, que tenta nos ajudar mentindo. Há quem entrega a orientação de sua vida ao mal e, por suas fraquezas, briga no seu interior, sem saber ao certo que caminho tomar, porque ora deixa o mal conduzir, ora, eventualmente, coloca Jesus na direção. Não sabe definir se fica no barco com o Altíssimo ou se deve atirar-se no mar da vida. É possível vivermos sem Deus no comando? O mal não veio para matar, roubar e destruir? Por que então deixar, em pensamentos e ações concretas, o maligno guiar nossos passos? Se o satanás é o pai da mentira (Jo 08: 44), como podemos ouvir seus conselhos e seguir o que ele afirma ser melhor a nós?
Barco que tem Deus não afunda. Quando Deus está no comando de nossa vida, tudo vai bem, porque “sabemos que tudo concorre juntamente daqueles que amam a Deus”. Não há meio-termo. Para Deus não há como servir mais ou menos, é tudo ou tudo. Ou vivemos na luz ou nas trevas. Jesus afirma, independentemente da religião: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:06). Ouvi certa vez, e concordo plenamente, que é melhor ser um ateu do que um cristão que fala no nome de Deus aos amigos, vai à igreja, mas serve ao satanás. Essa criatura, além de envergonhar Jesus, usa de falsidade consigo mesma, com os irmãos da igreja, com a sociedade - mas não com Deus. A esses será cobrado mais, pois tentam ao Pai, porque, mesmo que não guardem a sua palavra, já a conhecem e não a seguem.
O Pai está e sempre estará ao nosso lado. Basta que o busquemos, para nos sustentarmos e tomarmos o rumo certo diante das tribulações - e quem não as tem? Todos nós temos, uns mais, outros menos. Não sejamos fracos, vivifiquemos diariamente a presença de Deus com o objetivo de alcançarmos a fé consciente, suportando os tormentos, que não entendemos hoje, mas que certamente amanhã compreenderemos. “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus”.
Não abandonemos o barco. Muitos se atiram em alto-mar, confiando na sua própria força, inteligência, capacidade, porque não têm fé e não acreditam verdadeiramente no Altíssimo. Destruindo as bênçãos enviadas por Deus, deixam para trás os que amam e uma vida plena de prazer, alegria e gozo. Se estamos no barco com Deus e mesmo assim há potestades, imaginem viver fora dele! Através do clamor ao Todo-Poderoso, alcançamos a fé divina, e por ela recebemos o dom da fortaleza, dom necessário para suportarmos os momentos difíceis da vida. Acreditar no Senhor é confiar no sobrenatural e viver as maravilhas prometidas, contidas na escritura. Não olhemos para o tamanho da tempestade, mas para a força e o poder do Deus Vivo.
Rachell Rabelo.

Um comentário:

  1. Oi amigo...

    vou ressaltar a ultima pare do texto, pois foi ai que me chamou mais à atenção.

    "Acreditar no Senhor é confiar no sobrenatural e viver as maravilhas prometidas, contidas na escritura." - Podes-me dizer que maravilhas prometidas?

    "Não olhemos para o tamanho da tempestade, mas para a força e o poder do Deus Vivo." - Porque não trocar a expressão "Deus vivo" por "Homem"?? Não seria algo mais correcto?

    abraço...

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