domingo, 20 de junho de 2010

Ciência e transcendência



Durante mais de três séculos o pensamento materialista de Demócrito dominou a sociedade ocidental, levando-a ao inestimável prejuízo de seu desenvolvimento intelectual e moral, equidistante das leis serenas e sábias da natureza.
Coube à Física Moderna, particularmente à Física Quântica, a demonstração de que a teoria prevalente é a da filosofia monista de Platão, que com seu Mestre Sócrates foram precursores da idéias cristãs e do Espiritismo1.
Por oportuno, sobre o confronto do pensamento desses dois paladinos da Filosofia helênica, Demócrito e Sócrates, diz Amit Goswami2:
“O sucesso desfrutado pelo materialismo de Demócrito nos últimos 300 anos talvez seja apenas uma aberração. A teoria quântica, interpretada de acordo com uma metafísica idealista, está pavimentando a estrada para uma ciência idealista, na qual a consciência vem em primeiro lugar e a matéria desce para uma apagada importância secundária.”
2 – Descobre-se, com relativa facilidade, que as recentes deduções da Física Quântica se equivalem às revelações trazidas, desde 1857, pelo Espiritismo, a partir de “O Livro dos Espíritos”. O termo consciência, na terminologia científica, corresponde ao termo alma (anima), ou espírito, na nomenclatura espiritista.
Não foi por mero acaso, mas de propósito que o Codificador cunhou a divisa: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.3”
No entanto, são passados mais de 153 anos, e até o presente a Ciência não conseguiu detectar sequer uma falsidade nas proposições reveladoras do Espiritismo.
3 – Amit Goswami, no Capítulo 4 (A Filosofia do Idealismo Monista), do mesmo livro, à p. 85, diz, logo no início:
“Até a atual interpretação da nova física, a palavra transcendência raramente era mencionada no vocabulário dessa disciplina. O termo era mesmo considerado herético (o que acontece ainda, até certo ponto) para os praticantes clássicos, obedientes à lei de uma ciência determinista, de causa e efeito, em um universo que funcionava como um mecanismo de relógio...
...Hoje, a ciência moderna está se aventurando por reinos que durante mais de quatro milênios foram os feudos da religião e da filosofia. Será o universo apenas uma série de fenômenos objetivamente previsíveis, que a humanidade observa e controla, ou será muito mais esquivo e até mais maravilhoso? Nos últimos 300 anos, a ciência tornou-se o critério indisputado da realidade. Temos o privilégio de fazer parte desse processo evolucionário e transcendente, através do qual a ciência muda não só a si mesma, como também a nossa perspectiva da realidade.
Um progresso instigante – um experimento realizado por um grupo de físicos em Orsay, França – não só confirmou a idéia da transcendência na física quântica, mas está também esclarecendo esse conceito.”
4 – Em sequência, o autor explica que na física quântica criou-se uma expressão para designar o fenômeno de se estar em lugar nenhum (não-local), ao contrário de se estar em algum lugar.
Para que se torne simples o pensamento do insigne autor, dou um exemplo de um fenômeno bem aceito dos iniciados e dos espíritas, em geral, quando se fala de Deus: Deus, nosso Pai, “Criador do Céu e da Terra”, está em toda parte e em parte alguma. Está em tudo no Universo e em nós também, etc, etc...
Diz o autor, com suas próprias palavras:
“Mas há outra maneira paradoxal de pensar na realidade não-local – como estar em toda parte e em parte alguma, em toda e nenhuma ocasião. Essa idéia ainda é paradoxal, mas também sugestiva, não? ...A não­­-localidade (e a transcendência) estão em parte alguma e agora/aqui....”
Em assim se expressando, Amit Goswami aceita que o espaço e o tempo, nos fenômenos transcendentes, da esfera da consciência – essência divina em nós –, não ostentam as mesmas propriedades, mas, sim, como não-espaço e não-temporalidade, no que também está plenamente de acordo com os postulados espíritas.



Weimar Muniz de Oliveira

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