segunda-feira, 14 de junho de 2010
Ilha da fantasia
Na cidade de Tóquio, o maior mercado de produtos de luxo no mundo, lojas de grifes como Tiffany, Rolex, Montblanc, Louis Vuitton, Prada e Hermès estão concentradas no distrito de Ginza. Todas na rua, a céu aberto. Por aqui, o templo do luxo foi erguido como uma autêntica fortaleza.
E o Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, acabou se tornando o melhor retrato do apartheid social brasileiro. Pertinho de uma favela, espigões de apartamentos de alto padrão, que chegam a custar até R$ 16 milhões, com helipontos e unidos a um centro de compras cercado por uma muralha, que agride e violenta a paisagem urbana, assim como os barracos. Dos empreendimentos da metrópole, é o mais terceiro-mundista.
Até recentemente, só era possível chegar de carro ao Cidade Jardim. Mas, como os funcionários também precisavam ir ao trabalho, instalou-se ali perto um ponto de ônibus. O resultado foi cômico: além dos trabalhadores, um novo público, vindo das periferias, passou a visitar o local apenas pela curiosidade de conhecer o mundinho dos ultrarricos. E a “exclusividade” vendida pelos incorporadores foi pelos ares, quando as duas castas sociais começaram a se ver de perto, sem, no entanto, se reconhecer. Se esse estranhamento não bastasse, a ilha da fantasia sofreu, na semana passada, seu segundo assalto, quando homens armados com pistolas e fuzis roubaram R$ 1,5 milhão em relógios Rolex – antes, já haviam levado joias da Tiffany. Alguns já foram presos, mas o medo na ilha do luxo permanece.
O empreendimento está condenado? Talvez sim, talvez não. Mas a bolha artificial e ilusória em que os milionários se escondem encerra uma lição. Por que será que no Japão as grifes de luxo estão nas ruas? Porque lá até os presidentes de empresas varrem as calçadas diante de suas casas e não se envergonham em tomar ônibus para o trabalho. Por aqui, o que se busca é a blindagem, a exclusão, o muro, o distanciamento em relação ao resto – “eu tenho, você não tem”. Eis aí a essência do pensamento arrivista.
Na África do Sul, onde a bola já começou a rolar, o regime de segregação durou de 1948 a 1990. Foi uma das páginas mais vergonhosas da história da humanidade. Mas hoje tanto o herói do país, Nelson Mandela, como o atual presidente, Jacob Zuma, são ex-prisioneiros. No Brasil, ainda faltam quatro anos para a Copa. É tempo suficiente para acabar com o nosso apartheid. Bafana, bafana.
Leonardo Attuch.
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Postado por
William Junior
às
21:59
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Porque nos países de primeiro mundo os politicos não abusam do poder como acontece aqui. Alem do mais, a violencia que vivemos nos coloca numa verdadeira selva de pedra. Uma curiosidade, anos atras chegando em Berli, ao sobrevoar pensei cair num bosque, embaixo só havia verde, nada disso, estávamos prestes a pousar. Ora, no país tropical que vivo, sobrevoamos favelas e uma Baia de Guanabara de águas pretas (nem turvas mais são).
ResponderExcluirAcho q uma das coisas mais tristes é a passividade do nosso povo que desconhece seus legítimos direitos e n sabem usa-los na hora de exercer suas funções de cidadãos.. n vendendo votos..pesquisando a vida dos candidatos..as idéias e metas dos partidos.. muito fácil esconder-se atrás da máscara da ignorância e usá-la como desculpa ... se existe exclusão é pq os "excluídos"se conformam com essa condição..as oportunidades surgem para todos ..temos apenas que ter garra e metas de vida e tudo seria diferente...
ResponderExcluirmto legal o post
bjo
Carol Cunha