sábado, 26 de junho de 2010

Depressão e materialismo



Ele, aos 34 anos de idade, não compreende o que ocorreu em sua vida. Fim de uma relação amorosa, abandono da esposa, queda no rendimento profissional, perda de clientela e emprego, endividamento subsequente. Pressão no peito, tristeza profunda, vontade de morrer e abandono da vida em apatia, no sono intenso diário, na falta de cuidado próprio, inclusive na higiene.
A depressão hoje atinge entre 12% e 18% da população geral, em vários graus, variando de acordo com a região e com os estudos estatísticos em saúde. Seu prognóstico é positivo e há cura quando o tratamento é feito associando medicação, normalmente prescrita por um psiquiatra, e psicoterapia de cunho humanista – análise, gestalt, psicodrama. Apontamentos feitos pela Anvisa e pela Organizacão Mundial de Saúde (OMS) deixam claro que os tratamentos em saúde mental devem associar medicação e psicoterapia, o que promove a melhora ou a cura de um paciente.
A família deve fiscalizar a evolução do paciente, exigindo do profissional de saúde resultados positivos ao longo de um tratamento, o que deve ser observado com base no Código de Defesa do Consumidor. Resultado positivo ou dinheiro de volta!
A visão materialista tornou-se a maior dificuldade no tratamento da depressão. Indivíduos de visão materialista e instintiva, sem a percepção da dinâmica de vida da existência, tendem a prender-se mais aos processos patológicos associados a crises de ansiedade. O rapaz citado no início deste artigo por certo ignorou o comodismo, todas as rupturas de vida a que havia se destinado. Foi deixando os laços de amigos, se endividando, ficando apático em seu casamento, se tornando antisocial. Substituiu a vida por um televisor nos finais de semana, até que a crise mais intensa se fez presente com o abandono da mulher, que não aguentava mais um convívio com tanta apatia, derivada de alto investimento na superficialidade, no status das etiquetas, na padronização da vida por marcas de roupas, carros, penteado. Tudo na superfície, na base do que “os outros vão pensar”, visando a fachada, a casca social, o verniz estético lindinho, mas sem conteúdo.
A crise divina inevitável se traduz na quebra da ilusão que chega à raiz do espírito humano, retirando os valores superficiais e cobrando a intensidade, o tesão pela vida, o espírito. O que choca é perceber que ainda existe uma visão materialista da depressão, que é associada a sinapses e neurotransmissores, a causas de cunho orgânico e genético, colocando toda a chave de um tratamento apenas na bioquímica.
Quem ganha com isto?
Remédios ajudam, mas não reestruturam a personalidade abalada nem vão resgatar a essência da vida, substituída por toda uma conveniência social de valores inexistentes.
Caso um paciente tenha tendência a se acomodar, sem querer trabalhar a fundo, poderá ficar paralisado por anos, vivendo na apatia eternamente, podendo justificar seu fracasso social se escorando atrás de uma patologia que pode ser curada.

Jorge de Lima.

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Um comentário:

  1. Olá Jorge,
    Sei bem como é quando a pessoa não faz força para reagir, tenho um cunhado que está depressivo a 20 anos, as vezes melhora, outras cai vertiginosamente.
    As decepções amorosas ocupam o primeiro lugar da lista, vindo em seguida a falta de um sentido à vida, relacionamentos familiares, solidão, problemas financeiros e todos os tipos de drogas.
    A somatória destes problemas gera um turbilhão de sentimentos negativos que angustia, estressa, enerva e deprime o sujeito, que se vê num beco sem saída perante tantos obstáculos. A sensação relatada é de falta de energia, esgotamento, perda da motivação, enfim, a pessoa desiste de continuar vivendo e tem a impressão que o mundo a sufoca e que Deus a abandonou.
    meu carinho

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