domingo, 27 de junho de 2010
MEUS TRÊS AMIGOS
São três amigos inseparáveis: um, sempre o sujeito certo na hora errada; o outro, aquele errado na hora certa; o cara certo na hora certa é o terceiro. Para cada um deles, o destino prega peças ou favorece. Depende. Assim como depende o futuro para cada um, todos com a sua sina.
O primeiro parece toda vez estar preparado para as oportunidades que não chegam. Ele não tem preguiça de empreender, nunca lhe faltou capacidade ou dedicação. Ao contrário, é julgado pela maioria dos amigos como uma espécie de gênio incompreendido, alguém meio fora do tempo. Seus projetos não avançam, mas, vira e mexe, todos se surpreendem com algo quase igual acontecendo em outras mãos.
O segundo, por sua vez, não sabe do que não é capaz. Logo, aceita desafios fora do seu alcance. Como é de se esperar em casos assim, acaba galgando êxitos inexplicáveis até mesmo para o próprio. Quando lhe perguntam como faz, afirma – inocente – que vai aprendendo na hora, deixando fluir... Porém, fica a impressão de que tudo seria mais fácil ou melhor resolvido se, na hora certa, ele tivesse se preparado melhor. Esta hora é aquela que fica sempre para trás.
O terceiro é o cara com uma parte da anatomia virada para a lua. Tudo que escolhe é o melhor, onde chega é bem-quisto, o sucesso o precede e acompanha. Casou com a mulher ideal e, mais importante!, passa a impressão de que ela é quem tirou a sorte grande. Se chega a errar nas escolhas, as conseqüências não lhe prejudicam demais e servem de ótimas lições – algo preparado pelo destino para valer de escada para um acerto vindouro. Corre riscos calculados e acerta a matemática do improvável.
Os três vivem aqui dentro de mim. Se alternam no comando das ações e costuram as coincidências com o fio do livre arbítrio. Cada um teria motivos para se queixar do outro, seja por sua boa ou má sorte, quem sabe pela imprevidência. Mas são amigos, como já disse. E amigos têm a capacidade de aceitar, perdoar e compreender. Além do mais, se fazem companhia, pois a vida perde a graça quando se está só. Quando olho para o passado, sei direitinho qual deles me aconselhou.
Com relação ao futuro, um problema: nunca consigo escolher com qual dos três amigos vou dialogar para escolher o próximo passo, pois se parecem demais um com o outro (e todos eles comigo). Mas nem por isso deixo de seguir a intuição, um farol que, com a benção do Céu, nunca me tem faltado. E será assim para sempre. A menos enquanto não aparecer uma quarta personagem, aquela que estraga o dia de qualquer um: o cara errado na hora errada!
Rubem Penz.
Por falar em amigos, que tal comentar aqui ou no dihitt.
Postado por
William Junior
às
21:02
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