sexta-feira, 4 de junho de 2010

Maior lucro



Temos por hábito perguntar quanto lucraremos, sempre que nos propõem uma participaçâo em um negócio, um posicionamento em uma situação ou quanto cobramos por uma orientação esclarecedora, sendo especialista na área. Até para sermos simples palpiteiros, avaliamos se valerá à pena gastar nosso tempo. Assim agimos por considerarmos inútil nos envolver com o que não nos trará vantagens.

Desde a infância, as crianças têm interesse em amontoar, egoisticamente, algo que lhes dê sensação de poder, mesmo que sejam pedrinhas, papéis, sementes, contas, calháus e hoje, as célebres figurinhas, que consomem um bom dinheiro.
A luta pela sobrevivência nos impele a sair de nossa zona de conforto, em busca do recurso que se faz necessário. Para isso relegamos à mãos desconhecidas, os filhos que gostaríamos de acalentar. Não acalma a consciência justificando fazê-lo em busca da segurança econômica ou do equilíbrio da balança financeira. Nem sempre há quem nos substitua neste mister. Chegamos a entregar os filhos, como se fossem uma batata quente, ao primeiro que surgir pela frente. A ânsia pelo ter submerge os anseios do ser.

Há perigo em apegarmo-nos, desmesuradamente, ao que amealhamos. Pode pintar o arrependimento ao verificarmos que as supostas vantagens se transformaram em perdas desastrosas.

Paulo, o apóstolo, nos diz que ‘o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Ele não assevera que o dinheiro seja flagelo para a humanidade, pois o dinheiro não significa um mal. O ruim é amar os bens materiais e usar as pessoas, quando deveria ser o contrario: amar as pessoas e usar os objetos, os bens materiais.

O homem não poderá ser vilipendiado por possuir fortuna, mas será, inexoravelmente, condenado pelo mau uso que dela fizer. Quando dominado pelo orgulho e pela soberba, desvia-se do reto agir e se esquece de conquistar sua elevação espiritual. Aos necessitados à sua frente, despreza-os nomeando-os “os mortos de fome” que não usaram sua inteligência como ele o fez, no processo de angariar bens, dividendos, facilidades, conforto, moeda fácil. Age, também inconsequentemente, em relação aos outros dons que lhe foram outorgados: se tem boa saúde, costuma abusar dela, até comprometê-la ou perdê-la. Se é abonado financeiramente, esbanja com arrogância ou tropeça na usura enclausurante.

O que deverá então, fazer para que o bom senso o norteie? Que procure questionar sobre o que realmente quer, o que busca? Que satisfações o preenchem? Que lucros persegue?
O que percebemos é que de forma atordoada buscamos as facilidades materiais como se fossem bens eternos, imutáveis. Ignoramos a finalização do roteiro de todos nós com encontro marcado na real dimensão da vida. No país dos tesouros imperecíveis finanças, câmbios, moedas, propriedades não asseguram e nem conferem poder ou qualquer valor. O que confere segurança são as verdadeiras propriedades, apanágio do Espírito Imortal: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Investir nestes valores é acumular tesouros imperecíveis. Vale aferir nossas posses inventariando nossos bens de consumo que não irão nos servir do outro lado da vida. Tudo o que neste plano usufruímos merece nossos cuidados e respeito. São benesses que nos facilitam e confortam o trânsito apenas neste orbe planetário.

Ante as rotas do Infinito não garantirão tranqüilidade e nem significarão maior valia. Deste mundo só levaremos os investimentos aplicados nas obras e realizações do Bem. Lançar-se ferozmente em busca do que não nos irá servir para sempre, ao invés de empenhar-se em alcançar o próprio crescimento espiritual evidencia conduta de risco e perdas. Aplicar nossos talentos (inteligência, conhecimento, valores morais) na bolsa de valores imperecíveis, aumenta os dividendos e facilita a jornada além da vida. O aperfeiçoamento integral, a vivência solidária serão a garantia, nesta vida e na outra, de nosso maior lucro.

Elzi Nascimento.

Um belo texto, se deseja comentar, use o blog ou o dihitt.

Um comentário:

  1. Amigo William, um texto excelente. Os bens materiais que acumulamos, só nos servem para podermos usufruir de uma vida mais confortável, mas os bens espirituais que acumulamos durante a nossa existência neste plano, nos servirão como pontos que levaremos para a outra vida. Devemos trabalhar para adquirir nossos bens materiais, pois, querendo ou não, vivemos num mundo materialista e capitalista, mas que não façamos desses bens, motivos para que nos esqueçamos do bem mais precioso, o da caridade e amor ao próximo. Parabéns pela excelente postagem. Abraços. Roniel.

    ResponderExcluir