quinta-feira, 17 de junho de 2010

Finanças pessoais: cartões de crédito e débito



Eles são mais 565 milhões de unidades e movimentaram em 2009 nada menos que 444 bilhões de reais. Estão presentes em quase todas as bolsas, carteiras e outros itens dos brasileiros. Este é o universo dos cartões tanto de crédito como de débito no Brasil. Cada vez mais, as formas de pagamento e as novas modalidades de transações financeiras vão se ampliando, todas para que as facilidades se ampliem e a tecnologia da informação seja aplicada. Assim, fica mais fácil realizar nossas compras e organizar nossas finanças. Ou melhor, em alguns casos, desorganizar a conta bancária e criar um rombo financeiro.
Observe como hoje existem mais opções sobre os canais de compra disponíveis, que vão desde a ampliação da concorrência em lojas a até mesmo o universo virtual, que além de romper as fronteiras ainda possuem um nível de concorrência superior ao encontrado pelas lojas físicas. Para o ramo digital, uma das principais formas de pagamento e propulsor do desenvolvimento das compras é o cartão de crédito.
Paralelamente aos novos canais de compras, as ferramentas que utilizamos para o pagamento estão se modernizando e, neste momento, incluo todas as operações de internet banking e alguns tipos de plásticos magnéticos: cartões de crédito e débito.
O universo dos cartões domina atualmente as mobilidades de pagamento, e constrói cada vez mais o universo de possibilidade para quem vai gastar, ou no mínimo amplia a tentação pelo desembolso. Os cartões de crédito ou de débito estão presentes nas vidas de muitos brasileiros, e acabam sendo utilizados como iscas ao consumo.
Segundo a Abecs, entre 2002 e 2008, a utilização dos cartões de crédito e débito mais que dobraram. Em 2002, 46% dos pagamentos eram feitos através de cheques, seguidos por 19% de cartões a débito, 9% de cartões de crédito e 26% de outros. Já em 2008, apenas 16% eram realizados por cheques, enquanto 25% dos pagamentos foram feitos pelos cartões de crédito. O cartão de débito respondeu por 29% dos pagamentos. Nesta conversa de hoje, a intenção é focar as atenções no mercado de cartões de crédito e sua evolução rápida, visto que o cartão de débito funciona mais como uma substituição direta do dinheiro em compras à vista.
A revolução causada no consumo pelo cartão de crédito vai muito além do que imaginamos. As compras de passagens aéreas, de livros e mais produtos de consumo são fortemente ligados a este tipo de operação. As compras parceladas sem juros vêm ganhando espaço e os famosos carnês de pagamento vêm paulatinamente sumindo das fileiras.
Dois motivos contribuem para tal ocorrência: para o empresário, a utilização do cartão de crédito faz com que a margem de inadimplência se aproxime de zero nas operações de crédito, visto que o prejuízo é transferido para o banco operador do cartão, enquanto nos carnês de pagamentos, utiliza-se o chamado crediário próprio. Pelo lado do consumidor, a utilização do cartão de crédito e seu pagamento em dia significa a economia de juros embutidos nas parcelas quando financiadas pela lojas ou por uma instituição financeiras, além de facilidades no parcelamento e alguns casos até preços diferenciados.
Sobre esta questão do pagamento das faturas do cartão de crédito, é indiscutível que seu atraso ou não quitação total gera grandes prejuízos. O principio básico a ser seguido pelo cartão de crédito e quase nunca praticado é que, sua função seria na verdade de “fazer o dinheiro trabalhar para nós”, ou seja, caso tenhamos um certo valor para adquirir tal produto à vista, iríamos pagá-lo via cartão de crédito, e em linhas gerais, receber sua cobrança em 30 dias, via fatura do cartão. Neste momento, em posse do dinheiro que ficou aplicado durante os 30 dias, na caderneta de poupança por exemplo, teríamos um montante maior de dinheiro. Logo, ao final do período, o juro recebido sobre o capital ajudaria o consumidor a pagar sua compra.
O centro da questão é adiar o desembolso financeiro para que o dinheiro fique aplicado e reduza sua despesa efetiva. A pergunta que faço é se isso na prática ocorre. A resposta que tenho é não.
O cartão de crédito é mais utilizado como ferramenta de fomento às compras do que uma ferramenta de ganhos. É mais um facilitador do consumo, induzindo-nos a sanar nossas vontades instantaneamente. É esta a linha tênue que separa o lado bom e o lado perverso do cartão de crédito em suas operações.
O atraso nos pagamentos da fatura e o pagamento em seu valor mínimo geram juros e correções altíssimos, com taxas acima do crédito pessoal. Para quem já se encontra nesta situação, com cobranças e dívidas crescentes, a alternativa é tentar negociar os descontos dos juros junto ao administrador do cartão de crédito e buscar quitá-las, com parcelas que caibam no bolso.
Caso haja necessidade de crédito, opte sempre pelo crédito consignado em folha de pagamento e depois busque as linhas de CDC. Comparando as taxas de juros, você verá que mesmo altas, as linhas de crédito pessoais são melhores que as taxas cobradas pelo cartão. Não adianta buscar parcelas que não serão honradas, o que poderá caracterizar má fé junto ao banco e complicar suas novas negociações. Além disso, pessoas com débitos no cartão de crédito podem ter seus nomes negativados juntos aos serviços de proteção ao crédito e por conseguinte dificuldades de obtenção de empréstimos.
A utilização do cartão requer cautela, uma vez que o desembolso não é no ato da compra, mas acontece em um espaço temporal maior que a sua percepção de gastos. O recebimento da fatura com um valor superior ao previsto é o momento onde se detecta o rombo financeiro e dá-se o primeiro passo para o colapso nas finanças pessoais.
O que se recomenda é não gastar mais de 10% de sua renda em despesas com cartão de crédito com compras de supérfluos, ou seja, aquelas despesas que podem ser evitadas e poderão ser destinadas à poupança e aos investimentos.


Antônio Teodoro.

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2 comentários:

  1. Ô Willian,essa geração cartão de crédito é a que vive cheia de dívidas ,não sabe o valor do dinheiro,a maioria das pessoas usam cartão quando não tem dinheiro, aí que tá o erro...compra o que não precisa com o dinheiro que não tem...

    Nalvasol

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  2. É fundamental que se tenha nas escolas educação financeira.

    Um abraço.

    Drauzio Milagres

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