domingo, 27 de junho de 2010

Da Terra à Lua


Muito antes dos americanos botarem o pé na Lua, pela primeira vez, com Neil Armstrong, em 20 de julho de 1969, e sua célebre frase - “Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade”-, houve quem tentasse, ou melhor, imaginasse chegar lá. E não tem nada a ver com os russos, que, nos anos 1960, andavam lado a lado com a turma da NASA naquilo que ficou conhecido na História como corrida espacial.
Os babilônios, há mais de cinco mil anos, tinham lá o seu jeito de sair da Terra. Aparentemente, acreditavam que ir para a Lua era a melhor forma de escapar dos inimigos. Isto pode ser visto nas suas peças de arte, decoradas, por exemplo, com representações de um homem montado num pássaro que voa em direção à Lua, enquanto é perseguido por um outro que o ameaça com uma vara.
No tempo de Alexandre da Macedônia foi desenvolvido um método muito parecido com o dos babilônios para se chegar na Lua. Basicamente, eram usados dois grifos - monstros fabulosos, com aparência de pássaro, que tinham cabeça e asas de águia, e corpo de leão - atrelados com uma corrente a uma pequena cesta, na qual o passageiro ficaria de pé. Para guiar os grifos, o viajante levaria um cordeiro espetado na ponta de uma vara comprida, e direcionada para a Lua. Os grifos, supunha-se, voariam na direção do cordeiro. E como jamais o alcançariam, seus esforços continuados acabariam por levar o passageiro até à Lua.
Cyrano de Bergerac, escritor francês que viveu no século 17, sugeriu várias maneiras para o homem chegar na Lua. Acreditava ele que valendo-se da evaporação do orvalho se poderia ir à Lua. Bastaria encher de orvalho algumas ventosas amarradas em volta da cintura do viajante lunar, e a medida que este se evaporasse ergueria a pessoa e a levaria até a Lua. O próprio Cyrano disse que fez este tipo de viagem, e para não ir muito longe quebrou algumas ventosas, derramando o orvalho. Segundo explicou, embora iniciasse o vôo na França, desceu no Canadá, porque a Terra embaixo girou enquanto ele voava.
Na primeira metade do século 19, parece que houve um grande estímulo para se pensar como chegar na Lua. Na Itália, apareceu a idéia de usar-se uma gôndola. O barco, munido de rodas dentadas, seria apoiado em duas correntes estendidas da Terra à Lua, e sendo impulsionado por foles que soprariam o ar contra uma vela chegar-se-ia até a superfície lunar. O que não estava claro era como e por quem foram estendidas as correntes que ligavam a Terra à Lua.
Tanto a caixa de convecção de Cyrano, quanto a gôndola dos italianos, e muitas outras sugestões/imaginações do passado, todas pressupunham a existência de ar no espaço entre a Terra e a Lua. A concepção de uma atmosfera terrestre limitada, e por conseqüência a existência de vácuo no espaço, somente surgiu na Segunda metade do século 19.
Todavia, foi Júlio Verne, escritor francês do século 19, quem imaginou o mais célebre método para se chegar à Lua. No livro Da Terra à Lua, publicado em 1865, Júlio Verne sugeriu que o meio para atingir a Lua consistia em ser atirado lá por um disparo de um canhão. Tudo a ver com os foguetes que viabilizaram as missões Apollo. É claro que não era um canhão comum, e sim um tipo especial, com 16 quilômetros de comprimento. Segundo a sua descrição, o tal canhão foi fundido num grande buraco aberto na Terra, ficando somente a boca acima da superfície. Um vagão projétil foi introduzido no tubo do canhão, após este ter sido carregado com uma grande quantidade de pólvora. Quando a pólvora explodiu, o projétil foi atirado no espaço, envolto numa espessa nuvem de fumaça.
Júlio Verne, nos seus escritos, antecipou corretamente vários acontecimentos que foram comprovados com as viagens espaciais que acabaram levando, de fato, o homem até à Lua. Por exemplo, o caso dos dois cães colocados no seu vagão lunar. Um deles, chamado Satélite, acabou morrendo durante a viagem. Abriu-se uma escotilha e o cadáver foi atirado para fora. Entretanto, como relata o escritor, este não caiu, continuando a viajar no espaço ao lado do veículo. E isto é exatamente o que aconteceria se um objeto fosse atirado no espaço de dentro de um foguete a grande velocidade.
Foram estes sonhos e imaginações, aparentemente malucos, de alguns homens, ao longo dos séculos, em várias partes do mundo, que, se não abriram as portas do espaço para a chegada à Lua, pelo menos abriram os caminhos do pensamento que possibilitaram o homem chegar lá (em seis missões Apollo), e, quem sabe, ir até mais além.


Gilberto Cunha.

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