Sobre
nossa busca existencial, de encontro ideológico, o ser humano basicamente se
encontrou em três formas: na busca espiritual, na ciência e na arte. Volta e
meia, elas se cruzam dando mais sentido e significância ao nosso tempo, e de
alguma forma aliviando essa dor que se encontra no “escuro da alma”, de que
ninguém está completamente salvo. Mas o curioso é como essa terceira forma vem
se destacado dentro da nossa civilização ultimamente.
Em toda história, a “Arte” como princípio de expressão visceral
de contato com o mundo, sempre foi vista e recolhida através de migalhas no
aspecto financeiro, mas sempre foi muito exaltada e reverenciada no campo
espiritual e também, como sabemos, incomoda cada dia mais a ciência com suas
formas de tratar e manipular o sentimento. Mas nesse caso, sim, a ciência como
já vem acontecendo, vem utilizando cada vez mais a arte como um de seus pilares
para trazer mais sentido e transparência para o ser em busca de respostas, e
consequentemente nos levando a ser cada dia mais “Seres Espirituais”, o que
torna uma civilização mais humana e com isso mais saudável mentalmente.
Entretanto, na arte, os artistas sempre se colocaram dentro de
um respectivo palco para dar sentido a essa busca do encontro com si (mesmos),
havendo assim uma transferência natural com o universo e com o mundo, com isso
gerando ao mesmo liberdade e amor.
Só que
o mais curioso hoje em nosso tempo (expressão redundante. Sugiro hoje em dia ou
atualmente) é, justamente, a posição dos artistas perante esse posicionamento
social. Como podemos nos conformar vendo toda essa vulgarização de artistas
repletos de sede e fome por palcos e de serem escutados? O que está acontecendo
com essa expressão tão sublime?
O grande problema é que determinada classe de músicos perdeu completamente
a noção de como devem ser escutados, então se blindam à força popular e se
rendem a uma pequena parcela de público, e não só se contentam com migalhas
como se posicionam e se estimulam com elas, o que faz de um ato sublime, um
circo! Não tem nada demais em se sustentar com migalhas, ora! os pombos,
símbolos de fé para a maior religião do mundo, se sustentam de migalhas, mas a
grande diferença é que eles sabem voar alto, e reconhecem o valor desse ato,
sendo assim não perdem o valor de sua grandeza.
Hoje, de tanto ser martirizada, quase não levamos mais a arte a
serio, e com isso os lamentos artísticos se tornam contraprovas de como andamos
em um mundo muito acelerado em retrocesso, um mundo civilizado por pessoas
tímidas, sim, tímidas de expressão, inibidas no sorriso, no choro, e os
artistas como papel representativo estão sendo vulgarizados e se nublando em um
mundo com muita informação, pouca busca e muito pouca assimilação, deixando
assim uma das grandes formas de responder a nossa eterna pergunta distante:
qual o
sentido da nossa existência? o que realmente nos pertence? A culpa é nossa em
viver em um mundo embriagado ou estamos embriagando o mundo com essa sede toda
em busca de sentidos frágeis e rasos?
Como artista, posso afirmar que a arte não é uma escolha, mais
sim uma condição. Então, creio que a reflexão só é bem-vinda com a ação, pois
precisamos estar em movimento para enxergar as melhores formas de nos somar com
o universo e com nos mesmos, sendo assim o exemplo só pode ser bem-vindo quando
em direção certa, pois podemos perder o ângulo certo, e como ver o sol
fixamente, ele pode nos queimar ou nos clarear.
Consciência é a palavra do nosso tempo, vigor é a palavra que
nos falta e o amor anda perdido por aí nesses becos sujos onde a escuridão
esconde o olhar e venda o espírito, nos tornando cada vez mais consumistas de
nossas pérolas feitas em aço nesses museus, agora sem tantas novidades.
Xeque-mate para todo dia.
Cheque mate para todo dia.
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