Existem algumas frases repetidas no nosso
dia a dia que são de difícil compreensão ou têm sentido literal diverso do que
se pretende dizer.
São constantes as notícias de prisão de quadrilhas que já estavam sendo investigadas há anos. Não se sabe em que consistem as investigações para se afirmar que era aquela quadrilha quem praticava determinados crimes e por que não eram evitados.
Na praxe forense ou nas rotinas judiciais é
comum despacho de autoridades, determinando subordinados a realizarem as
providências “cabíveis”. Até nos outros poderes é comum se ouvir que
determinados superiores mandaram subordinados tomarem as “devidas”
providências.
É inimaginável a possibilidade de uma ordem
no sentido contrário, para eventuais providências incabíveis ou indevidas. Se
houvesse, feriria princípio da boa-fé inerente aos servidores públicos.
Já a prefeitura de São Paulo costuma
colocar placas com alerta de que determinados locais são de “risco de
enchente”. Ora, aí parece assunção inequívoca de responsabilidade pelo
descumprimento de dever, já que a existência desses avisos pressupõe
conhecimento das suas causas. Então, antes de se colocar aviso, deveriam
explicar por que não são resolvidos os problemas causadores das enchentes em
vez de alertas ineficazes.
Esse procedimento e outros similares têm
por objetivo eximir a responsabilização de autoridades por eventuais danos.
Essa seria uma providência incabível, já que os deveres dos agentes públicos
são inerentes ou vinculados às suas atividades e não seria uma placa suficiente
para isentá-los de responder pelos seus atos.
Ainda nos meandros da Justiça, em autos de
processo é comum constatar páginas carimbadas com o termo “em branco”. Depois
de carimbada, era uma vez uma página “em branco”.
Como está na onda, com a redução da
maioridade penal, a mídia escreve, e especialistas falam sobre a possibilidade
de os menores serem “punidos como adultos”. Dois aparentes equívocos. Com a
mudança da idade para adquirir a maioridade, quem cometer crime já será um
maior de idade. E se vier a ser processado não é porque agiu e será punido como
adulto, mas por ter praticado e ser penalizado como autor de um delito.
Com relação aos questionamentos policiais,
parece se assemelhar com alguém que prefere tirar uma foto ou filmar alguém se
afogando, em vez de socorrê-lo. Os demais podem trazer prejuízos na cultura já
tão cambaleante da nossa sociedade ou assimilar de forma incorreta determinados
conceitos ou realizar serviços sem nenhuma utilidade.
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