quarta-feira, 3 de junho de 2015

Vivendo na ditadura do único

Lendo manchete de um jornal dias atrás, deparei-me com a declaração da cantora Maria Betânia dizendo não querer uma ditadura novamente, com o que eu concordo.
Entretanto, a questão não é tão simples quanto parece, e creio que as pessoas em geral não fazem ideia da amplitude da palavra ditadura. Eu entendo que a ditadura não pode ser compreendida apenas como sendo o querer ou não um regime militar, querer a direita ou a esquerda no poder, pois que estas situações, em razão da nova realidade política do Brasil, sequer se apresentam claramente.
A ditadura que entendo não podemos admitir, o que devemos combater é a ditadura de uma ideia única, de uma opinião única, de um governo único, de uma sociedade única. Esta ditadura, que nasce da intolerância e do desrespeito, não pode mais existir e deve ser banida para o bem de nosso país. Temos que reinventar uma nova forma de viver em sociedade, numa condição em que, respeitada a legislação vigente, haja espaço para todas as manifestações e posturas, ainda que com elas não se concorde.
Por exemplo, temos, sim, o direito de protestar contra um governo cujas ações entendemos nos serem danosas ou com as quais não concordamos, assim como compartilham do mesmo direito de se manifestar, as pessoas que defendem este governo, achando correto tudo que vem sendo realizado. Sendo feitos dentro da lei são movimentos legítimos.
Da mesma forma, pode, sim, o deputado Feliciano expressar sua opinião contrária à união de pessoas do mesmo sexo, como também os defensores da existência de liberdade de relações afetivas baseadas na diversidade, igualmente possuem o mesmo direito de se expressar.
O que não se pode admitir é o que vem ocorrendo no Brasil de hoje, onde as pessoas simplesmente não toleram nem respeitam a opinião contrária dos outros, querendo de qualquer maneira silenciá-los. Isto sim é uma odiosa ditadura.
Se queremos crescer como pessoas e formar uma sociedade justa e sã, devemos aprender a respeitar o oposto e a diversidade, pois, caso contrário, não importa o quanto se diga ou se marche bradando contra um governo, pois estaremos, sim, inconscientemente, contrariando a nós mesmos e caminhando rumo à intolerância e ao desrespeito.
Abaixo a ditadura do único!

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