Dificuldade
para possuir e portar armas desagrada parcela da sociedade. Proposta de rever o
desarmamento encontra apoio maciço entre pessoas de todas as classes e
segmentos profissionais.
A tentativa de rever a lei do desarmamento através de medida do
Congresso Nacional tem encontrado ampla aceitação na sociedade. As dificuldades
impostas pela Polícia Federal para concessão de registro e porte de armas de
fogo para civis, aliadas à escalada da violência e à ousadia crescente dos
bandidos, provocam a revolta em cidadãos que se consideram engessados e sem
condições de reagir aos ataques de marginais.
“A casa se tornou uma prisão para pessoas de bem que por sua vez
ficaram impossibilitadas de garantir a segurança sua e de suas famílias”,
lamenta Eurípedes Barbosa Nunes. Ele é aposentado como delegado da Polícia
Civil e conhece bem o problema da insegurança que as pessoas relatam. “A
legislação é falha ao não criar critérios mais flexíveis para quem tenha
condições psíquicas de possuir e portar com precisão uma arma de fogo para
garantir sua segurança”, frisa.
No mesmo sentido surgem personagens de todas as categorias
profissionais e classes sociais que defendem a possibilidade mais facilitada
para que pessoas qualificadas possam ter e portar uma arma de fogo. Júlio
Barcelos Pereira é proprietário de uma oficina mecânica próximo à Praça da
Bíblia e considera uma “brincadeira o que os bandidos estão fazendo” e o
sofrimento que as pessoas passam diariamente com assaltantes e ladrões cada vez
mais ousados. “Os bandidos estão fazendo a festa, a polícia não consegue
socorrer todas as pessoas vítimas de roubos, furtos e assaltos e os cidadãos de
bem ficam sempre no sofrimento e no prejuízo. Isso tem de acabar”, frisa.
Júlio considera que se for feita uma nova consulta ao povo
através de um plebiscito para conferir as opiniões sobre o direito de ter e
portar armas de fogo o resultado será surpreendente. “Tenho certeza que a
esmagadora maioria quer garantir o direito de ter uma arma em casa para impedir
que os ladrões continuem a nos dar trabalho”.
Privilégio
O pastor evangélico Leordino Lopes de Carvalho tem pensamentos
sempre vanguardistas sobre os assuntos mais atuais no Brasil. Para ele, o que o
Estatuto do Desarmamento produziu foi uma série de privilégios para os bandidos
e prejudica quem obedece a lei. “Os homens que pensam somente em trabalhar de
forma ordeira e pacífica para garantir o sustento de suas famílias e a grandeza
da nação ficam de mãos amarradas para garantir a segurança de seus lares. Um
bandido aborda as pessoas quando estão chegando ou saindo de suas casas, roubam
e muitas vezes agridem, machucam e até matam e fogem sem ser importunados. Tudo
porque as pessoas agora não podem mais ter uma arma em casa”, lamenta.
Para ele, a solução é o Congresso rever a norma para que os
cidadãos possam comprar legalmente um arma, criar mecanismos para instruir quem
vai usá-la e permitir que as pessoas possam garantir sua própria segurança em
casa.
No mesmo sentido opina o comerciário Edno da Silva Cardoso, que
considera o Estatuto do Desarmamento um benefício apenas para os bandidos e um
entrave para as pessoas que querem uma arma em casa. “Do jeito que está a coisa
caminha pra ficar pior, porque os bandidos assaltam residências com armas em
punho e ninguém consegue conter essa violência sempre crescente. Creio que se
os bandidos souberem que as pessoas podem ter armas em casa ficarão mais
inibidos em assaltar”.
Direito à legítima defesa
O vereador goianiense Zander Fábio Alves da Costa vê de forma
favorável a revisão da lei que limita posse e porte de arma. “Acho que já está passando
da hora do Congresso Nacional reabrir essa discussão e convocar a sociedade
para expor o que pensa e deseja sobre os cidadãos de bem possuírem e portarem
armas de fogo”, resume.
Para Zander, o que não pode continuar é um modelo que provou que
não dá certo e não ser revisto. Ele lembra que os bandidos sabem que os
cidadãos dificilmente estarão armados e vão para a prática de crimes sabendo
que vão triunfar.
Mesmo entre profissionais da segurança e que lidam diariamente
com o problema da violência as opiniões convergem em sua esmagadora maioria
para a revisão do direito das pessoas terem e portarem armas. Um desses
favoráveis é o tenente-coronel Rocha, um dos mais graduados oficiais da Polícia
Militar de Goiás e responsável pela retirada de um grande número de bandidos
das ruas. Para ele, a violência que bate à porta das residências cairia
vertiginosamente se as pessoas possam ter uma arma em casa para repelir a ação
de criminosos. “Nas casas eu sou francamente favorável, porque o cidadão tem de
ter o direito de garantir a segurança sua e de sua família sem medo de
bandidos. Já para portar pelas ruas é preciso mais critério para não permitir
que situações corriqueiras como brigas de trânsito ou discussões menores
avancem para assassinatos porque as pessoas estão armadas”, observa.
O juiz de Direito Átila Naves do Amaral é incisivo ao considerar
que o Estatuto do Desarmamento só atingiu os cidadãos de bem. Ele lembra que a
maioria da população, de boa fé, aderiu a essa ideia, o que se revelou
extremamente maléfico para a sociedade. “O direito à vida pressupõe também o
direito à legítima defesa. O Estado não pode estar a todo instante defendendo o
cidadão. Sendo ele pessoa de bem, deve o Estado facilitar o acesso à arma de
defesa para que a pessoa possa se defender, a si e a sua família”. Como
magistrado, por ter o porte funcional, ele habituou-se a conduzir consigo arma
para sua defesa e lembra que nunca precisou se envolver em qualquer incidente,
o que demonstra que somente a possibilidade de portar um arma inibe a ação de
bandidos.
“Assim, também o cidadão! O Estado deve assegurar-lhe o direito
à integridade física e ele, cidadão, responder por eventuais excessos. Temos um
corpo de bombeiros para o combate a incêndios. Mas, na falta deles, bombeiros,
temos um extintor de incêndios. Assim se passa com a polícia. Na falta dela, ou
até que ela chegue, o cidadão vai ‘apagando’ o incêndio e contendo a agressão.
Com sua arma de defesa”, finaliza.
Revisão
O promotor de Justiça Tito Souza do Amaral também é entusiasta
da revisão da lei do desarmamento. Ele participou das discussões no Congresso
Nacional sobre o assunto na época da consulta popular e aprovação da lei e
sempre se portou de forma contrária. “Considero plenamente legítimo o direito
do cidadão de bem garantir sua própria segurança, além do que o Estado precisa
desarmar o criminoso e não os cidadãos. Já que o Estado não garante a segurança
é direito do cidadão fazê-lo, desde que tomadas as devidas cautelas”.
Tito ressalta que o poder público precisa estabelecer critérios
para a concessão do direito de possuir e portar arma de fogo. “Sem dúvida que
esse é um problema nevrálgico e que preocupa, mas preocupa muito mais saber que
o estado não garante a segurança do cidadão nem permite que ele o faça. O que está
acontecendo é que a legislação está protegendo o bandido e punindo o cidadão”,
finaliza.
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