Após o encerramento das eleiçõesde 2014, os
partidos políticos juntaram os cacos e começaram a pensar nos próximos passos.
O PT saiu vitorioso, mas enfraquecido. A unanimidade de outrora não mais se
constatou na opinião do cidadão. O outro ente da dobradinha presidencial, o
PMDB, decidiu que não quer se queimar no incêndio dos companheiros. Desse modo,
a situação entre as duas legendas anda em permanente tensão.
Com seu nome hostilizado em congresso do PT
realizado no último sábado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
usou seu Twitter para antecipar o fim do namoro com o partido de Dilma
Rousseff. Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso o fim da
aliança e não sei se, num congresso do PMDB, terão a mesma sorte, ameaçou.
Cunha apontou também que não vai mais se submeter à "humilhação do
PT".
Com ou sem humilhação, os peemedebistas não
são santos. Conseguem a façanha de estar no Planalto sem estar.
Estrategicamente, fazem Dilma Rousseff sangrar enquanto pensam nas eleições
presidenciais de 2018. O Executivo tem sofrido uma série de derrotasno
Congresso. Michel Temer, nesse descaminho, permanece incólume, afinal, não há
instituto de pesquisa que avalie a popularidade do vice-presidente. Tudo recai
sobre Dilma, que não mostra forças para reagir.
É verdade que a petista colhe os frutos de
suas próprias decisões. O partido deixou de atuar para os trabalhadores e
passou a acompanhar os interesses dos patrões. Falta identidade, virou mais do
mesmo. A medida provisória que alterou regras para a concessão de benefícios trabalhistas
constituiu um exemplo de afronta. Em campanha, Dilma garantiu que não mexeria
na área. A realidade econômica voltou-se contra a promessa eleitoreira. A
presidente falou em vão, o que é muito grave.
Essa discussão entre PT e PMDB prejudica as
pessoas comuns. Muitos vetos têm interesse político e não social. Há
discordâncias verdadeiras também, algo genuíno da democracia. Resta saber até
quando a coalizão vai durar. Enquanto isso, o País está à deriva. Não há voz
confiável que dê esperanças de um futuro melhor à Nação. Os encargos são
muitos, os direitos se esfacelam, os serviços não funcionam.
Essa realidade, entretanto, está distante
demais para os verborrágicos personagens de terninho. Para mudar alguma coisa,
vai levar muito tempo.
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