quinta-feira, 25 de junho de 2015

A primeira infância e os comportamentos agressivos: a família e a escola

O aumento na quantidade de crianças pequenas com a queixa de comportamento agressivo tem aumentado nos últimos tempos. Em sua maioria, os pais não conseguem lidar com seus filhos lhes gerando angústia e dificuldade no gerenciamento da rotina diária da casa e das crianças e de seus próprios sentimentos.

Em pesquisa realizada na Universidade de Washington, constatou-se que a agressividade na infância está aumentando – e em crianças cada vez mais novas. Segundo a pesquisa, a progressão da agressividade em termos de desenvolvimento em crianças sugere que a propensão para agressão física e comportamento de oposição atinge um pico aos 2 anos de idade. Normalmente, a agressividade começa a se reduzir a cada ano à medida que a criança se desenvolve, e atinge um nível relativamente baixo antes do ingresso na escola (5 a 6 anos de idade).

No entanto, em algumas crianças pequenas, os níveis de comportamento agressivo continuam altos e acabam resultando em diagnósticos de Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) ou de Transtorno de Conduta (TC) precoce.

Há uma fase na qual é normal (entre 2-3 anos) que a criança faça pirraças. Ainda é pequena e a percepção do real, dos próprios sentimentos ainda é inadequada. O controle das sensações é ainda precário e os adultos devem, portanto ajudá-los a organizar e controlar estes sentimentos.  Para isso desde cedo devem adotar algumas atitudes necessárias para que isso aconteça e que em pleno desenvolvimento neuronal padrões de comportamento mais adequados sejam aprendidos. 

Muitas vezes a criança provoca um adulto para que ele possa intervir por ela e controle seu impulso agressivo, já que ela é pequena e não tem condições de fazer por si própria. Por isso precisa de um "para com isso" ou "eu não quero que você faça". É como se ela pedisse para levar uma bronca. Nessa hora é como se o adulto emprestasse seu controle para a criança.
O problema é que atualmente não são muitas as crianças que podem contar com essa base sólida e tão importante chamada família. Inúmeras crianças não têm em sua casa os referenciais básicos que possam ser seguidos, imitados e tidos como modelo.

É extremamente importante, que ainda na infância, a criança tenha oportunidade de expressar alguns de seus impulsos agressivos sem que se sinta menos amada por isso. É de se esperar que, em geral, crianças recompensadas por agressão e as que veem muita agressão nas pessoas que as cercam se tornem mais agressivas do que as crianças que tem modelos menos agressivos e que foram menos recompensadas por comportamentos agressivos.
Quando surge a agressividade dos filhos, muitos pais regridem junto com eles como se vivessem na mesma faixa etária da criança. Por motivos muitas vezes internos aos pais não conseguem controlar seus próprios sentimentos e brigam como se fossem duas crianças. Respeito e autoridade se perdem.  INVERSÃO DE VALORES!
Alguns pais priorizam os presentes as roupas, as viagens à Disney todos os anos a passar as férias vendo a sessão da tarde com seus filhos comendo pipoca em casa(muitos esqueceram como era boa essa época). Crianças reclamam que os pais chegam em casa e continuam no computador ou ainda no celular. Precisam trabalhar, pois precisam pagar tudo isto! e...muitas vezes as crianças vezes agridem por isso! INVERSAO DE VALORES!
Pela falta de tempo dos pais, a falta de paciência impera e a culpa por estar distante também. A compensação acontece através do excesso de recompensas e presentes bem como pelo comodismo gerado por  dizer “SIM”, transforma crianças em pequenos “reizinhos” acostumados a terem o mundo girando em volta dos próprios umbigos, que ao serem contrariados reagem com agressividade. INVERSÃO DE VALORES!
A agressividade constitui, então, um pedido, uma reivindicação ao ambiente para o retorno ao ponto em que houve falha no desenvolvimento, a fim de dar curso ao que foi interrompido. Seja na mentira, seja no furto ou na depredação, no desafio às normas, no baixo desempenho acadêmico, o comportamento agitado e na perturbação do ambiente a manifestação da tendência antissocial revela a necessidade de reconhecimento externo daquilo que faltou e do suprimento dessa falta, vivida como experiência dolorosa.

O Centro de Excelência para o Desenvolvimento na Primeira Infância recomenda para a prevenção do desenvolvimento inadequado dos comportamentos agressivos: estar atento a que forma a agressividade se manifesta, que emoções desencadeiam essas agressões,. Encorajar a criança a expressar verbalmente as suas emoções, ajudar a criança a encontrar outras formas e obter o que deseja sem recorrer agressão, são alguns exemplos.
A agressividade na criança é normal e vai depender de fatores ambientais o seu desenvolvimento adequado ou não. Tais fatores ambientais estão diretamente ligados à estrutura psicológica dos pais, à forma como estes reagem ao mundo contemporâneo e à inversão de valores que nos rodeia. Tais fatores estão ligados também à escola e sua estrutura enquanto capacitadora de pais e professores, para acolherem a agressividade infantil, de forma a transformá-la e canalizá-la de forma produtiva.
Todos, família e escola, pais e professores mostram-se perdidos entre a agressividade infantil em excesso e as suas próprias agressividades necessitando de ajuda para seguir um rumo a caminho de maior equilíbrio para nossas crianças.


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2 comentários:

  1. Boa noite, eu tenho filho pequeno e quando saiu pra levá-lo pra brincar no pátio tenho visto esse comportamento em certas crianças da
    mesma idade dele. No caso específico, trata-se de uma criança criada muito solta e que fica ao cuidados da irmã mais velha de 10 anos. Não sei o que é pior para a criança se é o abandono ou o excesso de mimos por culpa.
    Abraços

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