Recentemente, comemoramos os 20 anos da
internet comercial no Brasil. O projeto que originou a rede surgiu na década de
1960, durante a Guerra Fria, marcado pela disputa militar entre Estados Unidos
e a extinta União Soviética. No entanto, a internet só deixou de ser privilégio
das universidades e da iniciativa privada no Brasil em maio de 1995.
Naquele mesmo ano, nos EUA, uma pesquisa
realizada pelo Pew Research mostrou que 42% dos adultos norte-americanos nunca
tinham ouvido falar na rede. Outros 21% tinham um vago conceito. Vinte anos
depois, somos três bilhões de pessoas conectadas pelo mundo. Só em 2014, o
equivalente a toda a população dos EUA entrou para o universo on-line.
No âmbito doméstico, vimos computadores
"tubões" entrarem na internet pela primeira vez, com uma conexão
discada, lenta e instável. Não demorou para que logo começássemos a usar a rede
para conhecer pessoas novas ou mesmo para nos comunicarmos com as que já
conhecíamos no mundo real. Em especial os brasileiros, logo se renderam ao advento
das mídias sociais.
Os computadores diminuíram de tamanho e
tornaram-se notebooks, sendo pela primeira vez, portáteis. Conhecemos a banda
larga. Mais um pouco se passou, e a necessidade de se manter sempre on-line
invadiu o celular, transformando-os de meros telefones móveis a smartphones
completos, onde sua função menos importante é fazer ou receber chamadas.
Se a internet mudou a maneira das pessoas
se relacionarem, imagine então o que ela fez na seara das corporações e
governos. Profissões deixaram de existir e muitas outras surgiram. Documentos
que levavam dias e até meses, hoje podem ser obtidos em segundos.
Inegável reconhecer todos os avanços que
tivemos na sociedade em função das facilidades que a rede mundial de
computadores nos trouxe. No entanto, engana-se quem pensa que já vimos a
revolução e que, daqui para a frente, nada mais nos surpreenderá.
Relembrar o passado é bom e importante.
Isso nos ajuda a avaliar nosso progresso, nossa evolução. Contudo, precisamos
mesmo é olhar para a frente. E, quando fazemos isso em relação à internet e à
tecnologia como um todo, nos cabe acompanhar a transformação que já demos
início com a chamada internet das coisas, nome dado à futura geração de
eletroeletrônicos, veículos automotores e qualquer outro tipo de dispositivo
capaz de se comunicar via TCP/IP, compartilhando informações e interagindo com
outros dispositivos.
Veremos a conexão inteligente entre
pessoas, processos, dados e coisas. Cidadãos, empresas e governos já começam a
buscar a digitalização para obter mais eficiência. Praticamente tudo será
controlado pela internet, ocasionando numa gestão digital para itens que vão
desde o básico, como a iluminação pública, o consumo de energia elétrica e
água, podendo chegar até ao controle de residências a longa distância, sendo
possível programar o uso de determinados aparelhos mesmo que ninguém esteja
presente no local.
Estima-se que nos próximos dez anos veremos
o número de cidades inteligentes saltar de 21 em 2013, para 88 em 2025.
Plataformas inovadoras, dados abertos e aplicativos irão atuar na redução dos
congestionamentos, no controle da poluição, no consumo de recursos naturais e
até na redução da criminalidade.
Certamente, muita coisa já mudou e ainda
continuará mudando. É óbvio que nem toda mudança é positiva. A internet trouxe
muito progresso, mas também criou crimes que nem conhecíamos. Como praticamente
tudo na vida, é preciso estar atento e buscar um contraponto. Se de um lado
teremos cidades, pessoas e governos com mais facilidades, teremos que trabalhar
em paralelo no sentido de combater os possíveis problemas que todos eles
poderão nos trazer. Que venham mais 20 anos!
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