Será um Natal magrinho. Daqueles com Papai
Noel em regime, quase sem barriga, e um saco de presentes mais para vazio do
que para cheio. Reflexo, como não poderia deixar de ser, do mau comportamento
do Brasil durante o ano na esfera econômica - e política também. Por falta de
lição de casa, a inflação retornou, a produção hibernou e os trabalhadores se
endividaram. Não há dinheiro para celebrar um bom ano em 25 de dezembro. Ao
contrário. A celebração será por ainda se conseguir uma ceia nesta data.
O Natal será pior que o do ano passado para
o comércio brasileiro, de acordo com estimativas de entidades e especialistas
do setor. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC), por exemplo, prevê que as vendas nesse período caiam 4,1%. Segundo a
CNC, será primeira queda desde o início da série histórica sobre vendas de
comércio, em 2004.
A retração, segundo reportagem da Agência
Brasil, será acompanhada de queda de 2,3% no número de vagas para contratação
temporária.
O emprego temporário é uma aposta que o
comerciante faz no Natal. Assim, quanto maior o crescimento das vendas, maior o
aumento das contratações, explica o economista da CNC Fábio Bentes. As
contratações para o Natal costumam começar em setembro e se estendem até
novembro.
De acordo com a Confederação, um dos
segmentos mais afetados é o de móveis e eletrodomésticos, em razão da
desvalorização cambial, da alta da inflação e, em especial, do encarecimento do
crédito. A retração projetada este ano para as vendas do segmento atinge 16,3%.
A situação não deve melhorar até o Natal,
afirma Bentes. Como a taxa básica de juros (Selic) não deve cair até o fim do
ano, isso consolida a taxa de juros recorde atual, o que afeta de forma
negativa as vendas e, indiretamente, o emprego temporário no setor.
O economista cita dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo os quais o comércio
registrou redução das vendas de 2,4% de janeiro a julho deste ano, em relação
ao mesmo período do ano passado. No fim do ano, a previsão da CNC é de queda de
2,9%, piorando nas festas natalinas, quando as vendas devem cair 4,1%.
Os produtos vendidos no Natal têm maior
relação com a variação do dólar do que ao longo do ano. É o caso de alimentos
importados, brinquedos e até vestuário. E com o dólar em torno de R$ 4,00 isso
coloca uma dificuldade muito grande. Para se ter uma ideia, no Natal passado o
dólar operava a R$ 2,65.
Para o economista, o Natal ainda vai induzir
o varejo a produzir números mais negativos do que os apresentados até agora,
porque, além do crédito caro, há o dólar alto, e os dois fatores empurram as
vendas para baixo.
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