Teorias que aproximam o
homem do seu próprio aniquilamento.
O grande
despertar do segundo advento, um movimento religioso conduzido pelo pregador
batista William Miller entre 1831 e 1844, anunciava o fim do mundo através do
fogo para o dia 22 de outubro de 1844. Nesta a crença, a data ficaria marcada
pela segunda passagem de Jesus Cristo pela Terra. Ele salvaria os fieis
reunidos na meia-noite daquela data, fazendo-os acordar em um mundo de justiça
divina e plenitude.
Milhares de pessoas acreditaram na profecia de Miller, e o amanhecer
comum do dia 22 de outubro daquele ano fez com que a data ficasse marcada como
‘O grande desapontamento’. Na época muitos cristãos foram convencidos. Editores
de jornais aproveitavam-se da crença das pessoas para promoverem textos
apocalípticos sensacionalistas, o que aumentou a dimensão de alcance da
história.
Em um artigo de jornal de 1983, que se encontra
no Museu de Fenimore, em Nova Iorque, é possível perceber uma chamada para a
resignação em decorrência do fim do mundo. “Leitor, você ouviu esse espantoso
‘grito’? O último ‘clamor da meia-noite’, que tão de repente despertou as
virgens que estavam adormecidas em seus sonos durante a tardante visão?”.
A chamada continua: “Você ouviu enquanto ele era trazido pelas asas dos
ventos para todos os cantos da Terra e despertou-os simultaneamente de seus
sonos, eletrificando-os com seu apelo cintilante? Caso não tenha escutado, é a
hora de despertar do sono profundo e seguir estas solenes linhas. O grito tem
ido adiante e o Senhor, cujos caminhos são a eternidade, está vindo em
julgamento!”.
O artigo faz menção a um versículo presente no livro de Mateus, capítulo
26:5-6, que faz referência à vinda de um ‘noivo’: “O noivo demorou a chegar, e
todas as virgens ficaram com sono e adormeceram. Mas à meia-noite, ouviu-se um
grito: ‘O noivo se aproxima! Saiam para adorá-lo!’ ”. O grito da meia-noite era
um dos principais sinais do fim do mundo que giravam em torno do chamado de
Miller.
A crença no fim do mundo pregada por Miller também tinha como base
cálculos matemáticos sobre dados revelados no Livro do profeta Daniel, no
Antigo Testamento, que diz no capítulo 8:14 que “Até duas mil e trezentas
tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. Devido a uma crença popular da
época, o planeta Terra era visto como o próprio Santuário.
Trombetas
do apocalipse retiradas de um cartaz ilustrativo sobre o fim do mundo em 1844
Miller subtraiu o número 2300, número entregue por Daniel em seu Livro,
de 457, devido à chegada de Esdras à Jerusalém para a reconstrução do templo
sagrado em 457 a.C. Feitos os devidos cálculos, ele chegou à conclusão de que
Jesus voltaria a Terra em 1844.
Tamanha decepção se deu principalmente pelo fato de que milhares de
pessoas haviam abandonado tudo para aguardar o fim do mundo naquele 22 de
outubro. Fazendeiros deixaram suas fazendas, comerciantes fecharam suas lojas e
algumas pessoas simplesmente jogaram seu dinheiro fora. Quando Jesus não
apareceu, veio o grande desapontamento.
Apesar de muitos dos presentes terem perdido a fé depois da grande
desilusão, uma parte dos fiéis resolveu estudar a Bíblia para entender o porquê
do erro de cálculo. Esses estudiosos que persistiram fundaram a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, um dos movimentos religiosos de grande força dos dias
atuais. Mais tarde, a fundação dessa igreja seria interpretada como a segunda
vinda de Cristo à Terra.
Imagem retirada
do filme 2012, que traz o fim do mundo baseado em desastres naturais.
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