No
século XX tivemos duas revoluções no mundo do vinho: a primeira, científica; a
segunda, industrial. Nos seus primeiros anos, a ciência de Pasteur estava
começando a ser absorvida; a fermentação não era mais um mistério, mas um
processo que poderia ser controlado. Ele provou que muito contato com o ar
favorecia o crescimento de bactérias nocivas, que transformam o vinho em
vinagre. Por outro lado descobriu que quantidades muito modestas de oxigênio,
agindo gradualmente, faziam o vinho envelhecer. Bordeux havia aberto o primeiro
departamento universitário de enologia. Porém, somente na década de 1950,
enquanto a América lutava para sair da lei seca, a Europa começava a se
recuperar da segunda guerra mundial, foi aí que ressurgiram os châteaux, as
vinícolas e os domínios.
O mundo
vinícola moderno começou na década de 1960, com a aparição quase simultânea de
novas vinícolas com grandes ambições em vários lugares do mundo. Em países do
Novo Mundo, armados da ciência, para melhorar a qualidade, e da tecnologia, que
se acelerou com a demanda, os ambiciosos vinicultores queriam melhorar o vinho
cada vez mais. Veio os barris de carvalho france-ses que poderiam produzir
vinhos semelhantes aos clássicos da França. Mas alguns novatos confundiram o
gosto do carvalho com o paladar de um bom vinho. Usaram em excesso do carvalho
com o paladar de um bom vinho.
No
início do século XXI tivemos vinhos sensacionais, exuberantes e de boa
qualidade, das mais variadas origens, como nunca foi possível antes. Tudo isso
graças aos avanços científicos e tecnológicos, o grande salto de
desenvolvimento ocorrido na comunicação, no final, no final do século XX, e o
que se tem é um novo patamar na competição mundial de vinho.
Hoje os
consumidores estão mais informados e se interessando mais pelo que estão
bebendo. Os vinhos de qualidade estão ganhando terreno, em detrimento de condições
locais muito especiais ou uma variedade de uvas nativas quase extintas. Isto
significa um desafio para a aprendizagem, pois os vinhos se tornam naturalmente
complexos e melhores.
O vinho
é uma bebida extraordinária, maravilhosamente variada e sugestiva. É o suco
fermentado de uma única fruta, a uva. Cada gole que bebemos é feita de chuva
recuperada da terra pelo mecanismo da planta que sustenta as uvas, a vinha, e ,
na presença do sol, convertida pela fotossíntese em açúcar fermentável, com
alguns nutrientes do solo. Como diz Robert Louis Stevenson: “Um bom vinho é
poesia engarrafada.”
O VINHO E O TEMPO
Quase
qualquer vinho econômico, especialmente os brancos, os rosês e os tintos de
corpo leve e baixo teor de taninos, como os feitos com Gamay (Beaujolais, por
exemplo), lambrusco, e com alguns Pinot Noirs, estão em sua melhor forma quando
jovens. Quanto mais caro o vinho, mesmo quando jovem, mais destinado ele é para
ser envelhecido? Depende! Uma das raras uvas brancas que produzem vinho de alta
qualidade é Viognier, a qual pode chegar ao máximo de apelo da juventude, cujo
perfume incrível e sua acidez baixa tendem a se apagar após dois ou três anos
na garrafa e seus preços geralmente são altos. Mas a maioria dos melhores
vinhos brancos e praticamente todos os melhores tintos são vendidos bem antes
de estarem prontos para o consumo. Tais vinhos são produzidos para serem
envelhecidos. Quando jovens contêm açúcares, minerais, pigmentos, taninos e
todo tipo de composto de sabor. Razão pela qual, ao fim, eles têm mais sabor e
personalidade. No entanto, eles precisam de tempo para que estes elementos – os
aromas primários que são derivados da uva e dos secundários, derivados da
fermentação e, do carvalho – se interajam para se transformar com harmonia e
para que o aroma distinto da maturidade (buquê) se forme.
O que
mais se pergunta com relação a qualquer vinho é: quando atingirá o seu auge?
Tudo o que se pode prever sobre os bons vinhos é a sua imprevisibilidade.
Selecionei alguns vinhos candidatos para a adega: exemplares benfeitos de Porto
Vintage, Hermitage, Clarete Cru Classé, Bairrada, Aglianico, Madiran, Barolo,
Barbaresco, Brunelo di Montalcino, Côte Rôtie, Borgonha tinto fino,
Châteauneuf-duPape, Chianti Clássico Reserva, Georgian Saperavi, Ribera del
Duero, Dão, Cabernet e Shiraz Australianos e Rioja. Agora, os vinhos mais
relevantes e que merecem indiscutivelmente serem guardados são os Grands Cru
Classé de Bordeaux.
Qual o
momento certo para tomar um vinho? É certamente uma questão de gosto pessoal,
porque alguns gostam de vinhos jovens, outros de vinhos de guarda. Mas,
lembre-se: o vinho é uma bebida essencialmente sociável, abra um bom vinho e
compartilhe este prazer com quem é importante para você. Em cada garrafa que
você abrir existirá uma história que ficará registrada em sua vida. Viva o
vinho!
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