Quase todos os homens são capazes de
suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe
poder.
Abraham Lincoln
Nossa república é razoavelmente jovem com 125 anos se comparada a
sistemas políticos de outras nações ao redor do planeta. Se começarmos a falar
de nossa democracia, com tantos percalços, golpes e interrupções, podemos dizer
que ela ainda engatinha e dá seus primeiros passos no cenário mundial.
Segundo o mestre jurista Dallari, a melhor definição de Estado é: “A
ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em
determinado território”. Formam o Estado os seguintes elementos essenciais:
· A soberania
· O povo
· O território
· A finalidade política (que deve ser o bem comum).
O Brasil é um Estado federal com o seu poder político descentralizado
entre unidades autônomas denominadas Estados que compõe a sua federação. No
Brasil, a União, por determinação da Constituição Federal, é indissolúvel. Isso
afasta qualquer possibilidade jurídica de independência ou separação dos
estados-membros (não existe direito de secessão ou separação). A nossa forma de
governo é a república presidencialista e o seu regime de governo é a
democracia.
E é sobre ela que vou escrever neste texto. A democracia vive da
participação política, e, por isso mesmo, a Constituição Federal lista inúmeras
ferramentas de participação política que são consideradas direitos fundamentais
de todas as pessoas, e que, em geral, estão acompanhadas de garantias
jurídicas, para que possam ser utilizadas sem que haja qualquer repressão
injusta ou intimidação aos seus usuários.
Ocorre que 99% delas não são praticadas pelo povo, o governo por sua
parte não incentiva essa participação, deixando de lado inclusive suas
abordagens no sistema educacional que poderia ser um dos elos motrizes da
conscientização da população quanto as suas formas constitucionais de
participação na democracia.
A explicação infelizmente não consta dos manuais, nem dos livros, e,
está na péssima qualidade e no DNA dos nossos políticos que ao alcançarem o
poder, fazem a opção de não levar ao povo a informação, pois sem ela, o povo
fica como no livro de Saramago “Ensaio sobre a Cegueira”, totalmente perdidos e
sem rumo.
Criou-se no Brasil um círculo vicioso, onde o povo exerce com frequência
apenas um dos direitos preconizados como de participação política que é o voto
a cada dois anos. Os dois anos entre as eleições são de cegueira, omissão e
completo distanciamento em relação à vida política das suas cidades, Estados e
governo federal.
Essa forma de agir ao longo dos últimos 40 anos, facilitou a vida dos
partidos políticos, dos governantes e toda escória que os acompanha (lobistas,
corruptores, doleiros, etc.). Na medida em que não fiscalizamos nossos
representantes como podemos imaginar que eles nos deem o respeito que
merecemos?
Se com todos os recursos disponíveis de tecnologia e de acompanhamento
da mídia, a sociedade civil não consegue impedir ou ao menos reduzir a
incidência dos golpes e falcatruas, somente o efetivo envolvimento com o
engajamento da população pode estancar essa epidemia chamada corrupção no País.
Temos uma Nação, um Estado soberano, um regime político definido, porém,
falta o principal, o essencial na vida de qualquer povo, o exercício pleno da
cidadania pelo nosso povo, de quaisquer classes sociais, raça, credo ou região
habitada. Sem ela nos tornamos os mesmos indiozinhos que receberam os
portugueses 515 anos atrás, desnudos, sem conhecimento e sem direção. Onde os
portugueses são os nossos políticos ávidos por nosso ouro…
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