O recente episódio da demissão do ministro Cid Gomes, da
Educação, novamente evidencia aquilo que tenho defendido há tempo: a
necessidade de estabelecimento da fidelidade partidária de forma abrangente.
Hoje ela existe apenas determinando que o parlamentar que mudar de partido
perde o mandato. Isso é óbvio, nem precisaria lei para regulamentar, pois o
mandato é do partido, não do filiado que se elege, até porque sem sigla sequer
poderia candidatar-se.
Fidelidade não é apenas isso, mas também seguir fielmente a
orientação do partido e de seus líderes, especialmente em votações no Senado,
na Câmara Federal, nas Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores, assim
como no encaminhamento de votações e discussões de projetos.
No Congresso nacional, tem-se notado recorrentes rebeldias no
grupo de apoio ao governo, onde partidos, blocos, lideranças e até
parlamentares isoladamente proclamam-se independentes, não se sabe em defesa de
que interesses. Ou são governo ou oposição, essa deve ser a regra.
O que o então ministro cobrou na Câmara Federal nada mais foi do
que o normal: coerência. Se foi duro em alguns adjetivos deve-se a seu
temperamento e, mesmo assim, qualificativos que usou em relação a determinados
parlamentares não são de todo equivocados.
O Brasil avançou, o estilo de fazer política também deve avançar
e se equiparar às democracias contemporâneas. No regime presidencialista, o
governo deve antes discutir com sua base de apoio parlamentar os projetos e propostas
e fazer acordos com os partidos para a aprovação. Aqui o governo se vê obrigado
a negociar com cada um individualmente, fazer concessões, prometer benefícios e
até liberar recursos que nem sempre vão para as regiões dos parlamentares...
Foi o que ocorreu no governo Sarney, com o “toma lá dá cá” e,
posteriormente, no governo Fernando Henrique Cardoso, com a barganha de votos
para aprovar a reeleição, e no governo Lula com a institucionalização da compra
de votos que gerou o mensalão.
No Brasil, o inusitado é que a maioria dos partidos políticos
que representavam a base parlamentar do governo PSDB está agora na base do
governo do PT, mas antes como agora não apoiando integralmente o governo.
Quando o governo se torna refém do Congresso que age como
antipoder, está em risco; quando um partido exige a demissão de ministro por
causa de algumas verdades indigestas, o poder presidencial está fragilizado. Se
o governo não pode contar com o apoio fiel de sua base, está enveredando para a
ingovernabilidade.
Os partidos são, como o nome diz, partidos, ou seja há muitas ideias diferentes no mesmo partido e, assim, vivem brigando e tomando decisões contrárias ao que o partido prega.
ResponderExcluirNotícias do INSS