Cada bolso brasileiro tem a sua inflação. Os gastos pessoais e
profissionais fazem com que o aumento de preços seja diferente e pese para mais
ou para menos na renda dos indivíduos. Como média, o governo trabalha com um
número para todos. Assim, tem um olhar muitas vezes torto à realidade nacional.
A última novidade sobre os reajustes foi conhecida ontem. A
inflação média prevista pelos brasileiros para os 12 meses seguintes foi 8,4%
em março, avanço de 0,5 ponto percentual em relação aos 7,9% de fevereiro.
Trata-se do maior valor da série histórica e a segunda vez que as previsões
superam os 8%. Até então, o maior valor foi 8,1%, em setembro de 2005. Os dados
constam do Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Na opinião do economista do Ibre, Pedro Costa Ferreira, o
resultado do mês de março confirma que a aceleração recente da inflação vem
tornando as expectativas dos consumidores mais pessimistas para o futuro. Por
isso, a avaliação do consumidor brasileiro já ultrapassou os 8% de expectativa
para os próximos 12 meses.
A inflação da gasolina certamente ultrapassou no último ano esse
percentual, assim como, a da conta de energia elétrica e de outros produtos e
serviços. E uma série está pronta para romper o preço que vem sendo segurado
até o limite por fabricantes e empresários.
O Ibre também destaca que, entre fevereiro e março, a frequência
de respostas acima de 7% de inflação passou de 61% para 75% do total.
"Mais notadamente, a frequência de respostas na faixa entre 7% e 8%
praticamente dobrou de outubro de 2014 para cá, ao passar de 16,8% para 30,6%
do total", afirma o economista.
O boletim Focus mais atual, divulgado na última segunda-feira,
pesquisa feita semanalmente pelo Banco Central (BC) com instituições
financeiras, também projetou maior inflação medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Para os analistas, o índice fechará 2015 com alta de
8,12%, e não mais de 7,93% como previsto na semana anterior. É a primeira vez
este ano que a previsão ultrapassa 8%. Boa parte da alta está vinculada aos
preços administrados pelo governo. E que produtos estão nessa lista? Gasolina,
energia elétrica e outros. De acordo com a projeção do Focus, este ano eles
terão alta de 12,6%, e não mais de 12%, como estimado anteriormente.
O aumento de preços, como se vê, não deve parar. Irá avançar nos
próximos meses, minando ainda mais a credibilidade do governo, que voltou a ser
"presenteado" com um índice de rejeição recorde, em nova pesquisa. A
127ª pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT/MDA) mostrou que
64,8% avaliaram o governo de forma negativa.
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