O 15 de março vem
aí, com péssimas condições de tempo e temperatura, o governo fazendo
barbeiragens e a oposição instigando as manifestações, mas desautorizando o
"Fora, Dilma". E ironizando o "Foi o FHC".
Na economia, o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acerta ao entregar um superávit de R$ 21
bilhões em janeiro, mas erra feio ao criticar e chamar de
"brincadeira" as desonerações feitas pela chefe Dilma Rousseff no
primeiro mandato. Não se cutuca a onça com vara curta.
E... o aumento de
até 150% nos impostos da indústria vem numa hora de pânico do setor produtivo e
não é nada promissor para crescimento, inflação e empregos, que já começam a
tremelicar.
Na política, as
ameaças ao procurador geral da República, Rodrigo Janot. Entraram na casa dele
e isso virou justificativa para seu encontro com o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, um mês depois, justamente às vésperas do anúncio da lista de
políticos do PT e do PMDB na Lava Jato. Pior: em 48 horas, o procurador desiste
da denúncia de políticos e segue pelo desvio de abrir inquérito. Leia-se: jogar
tudo para as calendas.
Janot pode estar
enveredando pelo pior dos caminhos: aquele que estanca um basta na corrupção
sistêmica, dá na impunidade dos responsáveis pela maior roubalheira descoberta
na República e, atenção, pode respingar na sua própria biografia.
Já o ministro da
Justiça se encontra com o advogado da UTC, por acaso, ali na porta ao lado do
seu gabinete, diz "Oi!, como está você?" e vira as costas. Também
recebe a turma da Odebrecht e registra em ata que vai ver direitinho como foi o
pedido de dados na Suíça, o que pode resultar em anulação de provas contra as
empreiteiras. Depois se reúne com o procurador à noite, numa semana decisiva,
para discutir um arrombamento desses que ocorrem às centenas, ou milhares, por
dia.
Enquanto a política
econômica dá um cavalo de pau, as versões do governo para sua ação na Lava Jato
parecem sem pé nem cabeça e a sociedade se move, as investigações do esquemão
na Petrobras avançam. Só não se sabe para onde.
Já eram esperadas
as delações premiadas de dois executivos da Camargo Corrêa, o presidente,
Dalton Avancini, e o vice, Eduardo Leite (em choque com a própria companhia),
que devem reforçar a tese de cartel contra a de esquema político para eternizar
o PT no poder.
É o que o governo
quer, mas não o que interessa à Odebrecht, onde habitam os maiores amigos de
Lula e de Dilma no setor. A empresa é a única que não tem nenhum executivo na
cadeia e ficou fora da lista que vai pagar multa de R$ 4,5 bilhões, porque seus
meandros de financiamento de campanha são muito mais complexos, não se encaixam
nas investigações. Mas, se prevalecer a confissão conjunta de
"cartel", ela entra na dança.
É mais um choque de
interesses, mas o foco continua sendo no grande personagem das investigações:
Ricardo Pessoa, o homem bomba da UTC. Tudo depende agora do fator emocional.
Digamos, portanto, que é uma questão de tempo.
Tem-se, assim, que
a economia está como está, os ajustes são amargos num momento já de tanta
amargura, o PMDB acaba de ir à TV se descolando do governo, cresce a sensação
de que o procurador geral está nas mãos de Dilma e Cardozo e o desfecho da Lava
Jato é incerto, depois de tantas revelações escabrosas.
Pois é... e o 15 de
março vem aí. Fernando Henrique Cardoso reuniu seus generais na sexta e o
recado é: manifestações, sim; incitar o impeachment, não. Lula também reuniu
sua tropa e avisou: se necessário, põe nas ruas a "tropa do Stédile"
(ou seja, MST e movimentos sociais).
O que talvez os
dois lados não estejam entendendo é que, desta vez, não se trata de PT versus
PSDB. O momento é grave, a situação é complexa e a dinâmica é a de junho de
2013. As manifestações não são de partidos, de governo ou de oposição. São
contra eles.
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