Localizada
na região noroeste de Minas Gerais e conhecida como Cidade do Ouro, Paracatu
conta atualmente com a maior mina de ouro do país e a maior do mundo a céu
aberto. A mineração no chamado Morro do Ouro, liderada pela empresa canadense
Kinross Gold Corporation, representa a principal atividade industrial para a
geração de emprego e renda na região, mas assusta moradores do pequeno
município.
A proximidade entre as atividades de mineração e os bairros da cidade e a possibilidade de intoxicação por metais pesados liberados durante a extração do ouro deixam a população preocupada.
Em 2006, a mineradora iniciou um projeto de expansão para elevar a capacidade de produção da mina de Paracatu de 5 para 15 toneladas anuais de ouro até setembro de 2008. O projeto também ampliava em mais de 30 anos o tempo de vida útil da mina. As atividades exigiram ainda a criação de uma nova barragem para o despejo de rejeitos – material que sobra do processo de separação do ouro.
Um dos bairros diretamente atingidos pela expansão da mineradora é o Alto da Colina. No local, ainda é possível ver postes de iluminação e árvores frutíferas onde antes havia ruas e casas. Os terrenos foram comprados pela Kinross e cercados. Nos locais, uma placa indica: “propriedade privada”.
Cleonice Magalhães, 33 anos, chegou a ser sondada para vender o terreno, mas permanece no bairro. “Mudou muita coisa por aqui. A gente tinha muita vizinhança. O bairro era tranquilo, sem barulho”, contou a dona de casa, que mora no local com o marido e dois filhos.
“Já ouvi histórias sobre ficar doente por causa da mineração. A poeira no bairro é escura, cinzenta e tem cheiro ruim. Além disso, todos os dias, na parte da tarde, temos a detonação agendada [explosões controladas feitas pela mineradora para a quebra da rocha], que balança tudo. Já chegou a derrubar vasilhas.”
No bairro Amoreiras 2, também vizinho à mina, os moradores demonstram preocupação com o avanço da mineração. A aposentada Ermelinda da Silva Pereira, 66 anos, se mudou para o local há sete anos, quando vendeu a casa onde morava em outra região de Paracatu para a Kinross. “Saí, mas continuo vizinha da mineradora. É muita poeira e muito barulho. A casa vive cheia de rachaduras por causa das detonações. E o ruim disso tudo é que o ouro não fica aqui. É exportado”, reclamou.
Mesmo no centro histórico da cidade, mais distante da mina, é possível sentir os tremores provocados pela mineradora.
O geólogo e diretor da Fundação Acangaú, Márcio José dos Santos, mora em Paracatu há 26 anos e critica fortemente o fato de as atividades da empresa serem executadas tão perto do município.
“O projeto de lavra, no início, era curto, de 15 anos, mas a empresa veio com um plano de expansão”, contou. Ele lembrou que a região vive longos períodos de estiagem e que a poeira carregada de metais pesados é perigosa para a saúde humana, sobretudo para os que vivem em bairros periféricos e mais próximos à mina. “Quando um processo de contaminação se inicia, é muito difícil reverter. A tendência é a acumulação”, alertou.
A secretária de Saúde da cidade, Nádia Maria Roquete Franco, destacou que, em 2013, a prefeitura divulgou um estudo garantindo que a população da cidade estava livre de qualquer tipo de intoxicação – inclusive por arsênio, liberado pela mineração de ouro a céu aberto. Foram colhidas amostras de urina, sangue e cabelo dos habitantes. Também foi feita uma análise da água consumida pela população. Ela admite, entretanto, que vê com preocupação a aproximação da mineradora com a cidade e defende um monitoramento constante das atividades e da saúde dos moradores.
“É prudente para o município fazer esse tipo de estudo a cada quatro ou cinco anos”, disse. “Mas a população não precisa estar alarmada em relação ao arsênio. Mitos e boatos são muito difíceis de serem desmistificados, mas a pesquisa está à disposição para quem quiser ver”.
A Kinross Gold Corporation, por sua vez, informou que também fez um estudo que comprova que não há perigo de intoxicação para a população paracatuense. Além de amostras de urina, sangue, cabelo e água, a empresa também diz ter analisado a qualidade da poeira nas regiões próximas à mina. Em todos os casos, as concentrações de arsênio foram consideradas abaixo do nível permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A proximidade entre as atividades de mineração e os bairros da cidade e a possibilidade de intoxicação por metais pesados liberados durante a extração do ouro deixam a população preocupada.
Em 2006, a mineradora iniciou um projeto de expansão para elevar a capacidade de produção da mina de Paracatu de 5 para 15 toneladas anuais de ouro até setembro de 2008. O projeto também ampliava em mais de 30 anos o tempo de vida útil da mina. As atividades exigiram ainda a criação de uma nova barragem para o despejo de rejeitos – material que sobra do processo de separação do ouro.
Um dos bairros diretamente atingidos pela expansão da mineradora é o Alto da Colina. No local, ainda é possível ver postes de iluminação e árvores frutíferas onde antes havia ruas e casas. Os terrenos foram comprados pela Kinross e cercados. Nos locais, uma placa indica: “propriedade privada”.
Cleonice Magalhães, 33 anos, chegou a ser sondada para vender o terreno, mas permanece no bairro. “Mudou muita coisa por aqui. A gente tinha muita vizinhança. O bairro era tranquilo, sem barulho”, contou a dona de casa, que mora no local com o marido e dois filhos.
“Já ouvi histórias sobre ficar doente por causa da mineração. A poeira no bairro é escura, cinzenta e tem cheiro ruim. Além disso, todos os dias, na parte da tarde, temos a detonação agendada [explosões controladas feitas pela mineradora para a quebra da rocha], que balança tudo. Já chegou a derrubar vasilhas.”
No bairro Amoreiras 2, também vizinho à mina, os moradores demonstram preocupação com o avanço da mineração. A aposentada Ermelinda da Silva Pereira, 66 anos, se mudou para o local há sete anos, quando vendeu a casa onde morava em outra região de Paracatu para a Kinross. “Saí, mas continuo vizinha da mineradora. É muita poeira e muito barulho. A casa vive cheia de rachaduras por causa das detonações. E o ruim disso tudo é que o ouro não fica aqui. É exportado”, reclamou.
Mesmo no centro histórico da cidade, mais distante da mina, é possível sentir os tremores provocados pela mineradora.
O geólogo e diretor da Fundação Acangaú, Márcio José dos Santos, mora em Paracatu há 26 anos e critica fortemente o fato de as atividades da empresa serem executadas tão perto do município.
“O projeto de lavra, no início, era curto, de 15 anos, mas a empresa veio com um plano de expansão”, contou. Ele lembrou que a região vive longos períodos de estiagem e que a poeira carregada de metais pesados é perigosa para a saúde humana, sobretudo para os que vivem em bairros periféricos e mais próximos à mina. “Quando um processo de contaminação se inicia, é muito difícil reverter. A tendência é a acumulação”, alertou.
A secretária de Saúde da cidade, Nádia Maria Roquete Franco, destacou que, em 2013, a prefeitura divulgou um estudo garantindo que a população da cidade estava livre de qualquer tipo de intoxicação – inclusive por arsênio, liberado pela mineração de ouro a céu aberto. Foram colhidas amostras de urina, sangue e cabelo dos habitantes. Também foi feita uma análise da água consumida pela população. Ela admite, entretanto, que vê com preocupação a aproximação da mineradora com a cidade e defende um monitoramento constante das atividades e da saúde dos moradores.
“É prudente para o município fazer esse tipo de estudo a cada quatro ou cinco anos”, disse. “Mas a população não precisa estar alarmada em relação ao arsênio. Mitos e boatos são muito difíceis de serem desmistificados, mas a pesquisa está à disposição para quem quiser ver”.
A Kinross Gold Corporation, por sua vez, informou que também fez um estudo que comprova que não há perigo de intoxicação para a população paracatuense. Além de amostras de urina, sangue, cabelo e água, a empresa também diz ter analisado a qualidade da poeira nas regiões próximas à mina. Em todos os casos, as concentrações de arsênio foram consideradas abaixo do nível permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por Ag. Brasil
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário