Segundo a Pesquisa Nacional de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), publicada em fevereiro
deste ano, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo,
o percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-datado,
cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal,
prestação de carro e seguros alcançou 57,8%.
Várias situações contribuem para esse
número expressivo. Primeiro: mais da metade da população está endividada.
Segundo: o governo não tem feito nenhum esforço efetivo para diminuir essa
situação como campanhas sobre educação financeira. Terceiro: as dívidas
relatadas acima são as piores possíveis. Não originam de aumento de patrimônio,
mas sim de compra de supérfluos.
Em resumo, no longo prazo as pessoas vão se
afundando financeiramente cada vez mais. E o que é feito na prática? Muito
pouco. A situação do endividamento no Brasil é uma verdadeira epidemia social.
As pessoas estão mais endividadas e por isso ficam na mão dos credores e
instituições financeiras.
O uso errado do cartão de crédito aparece
como líder nas pesquisas sobre inadimplência. Hoje, o consumidor pode efetuar o
pagamento mínimo do cartão com apenas 15% da dívida. É aí que está o perigo. Os
juros praticados nessas condições são um dos piores para o consumidor em todo o
mercado. Muita gente começa dívidas impagáveis com essa prática, sem saber o
tamanho do buraco em que está se enfiando. Já passou da hora do Conselho
Monetário Nacional reagir. Uma boa alternativa seria aumentar o pagamento
mínimo de 15% para 50% ou 60%. Isso vai proteger milhões de novos consumidores
e reduzir o endividamento social das pessoas, que passarão a se adequar
rapidamente a essa nova regulamentação.
Quem se beneficia com o atual modelo de
cobrança são as instituições financeiras que atuam com liberdade excessiva
quando o assunto é cartão de crédito. Por exemplo, não precisamos ir longe ao
lembrar como são feitas as cobranças de anuidades de cartões de crédito no
Brasil. Os valores sobem de um ano para o outro sem controle nenhum, e se o
consumidor não ficar atento toma um prejuízo dos grandes. Quem está endividado
perde muito poder de negociação desse valor da anuidade.
Aproveitando o momento social em que
vivemos, o governo federal deve refletir também sobre esse problema e lançar
imediatamente medidas de interesse público primário para evitar a entrada de
novas pessoas no círculo vicioso do endividamento, assim como lançar uma campanha
massiva de educação financeira, sem que as instituições financeiras estejam à
frente por claro conflito de interesses. Só assim essa epidemia social poderá
ser controlada. O Brasil agradece.
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O crédito é a única coisa que está segurando a situação das famílias brasileiras. Quando o mesmo acabar, as pessoas acordarão para realidade na qual o país se encontra: inflação e desemprego subindo enquanto o governo só suga!
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