Mesmo que o processo de abertura política
seja ainda recente, em termos históricos, a maturidade da democracia brasileira
chegou, tornando impossível a postergação de seu exercício pleno. Fazer
mudanças, porém, é mais trabalhoso do que esperar por elas. É hora de cada um
assumir seu protagonismo, pois a mudança que todos desejam parte da vontade e
da ação de cada um de nós.
Não é razoável que nos acomodemos
aguardando que uma transformação positiva se dê pela simples passagem do tempo.
Para que reinventemos o Brasil, para que cheguemos à realidade que tanto se
deseja, faz-se urgente uma profunda mudança de cultura. É este o debate que
propõe o fórum “Reforma política: visões para construir a mudança”, promovido
pela Assembleia Legislativa gaúcha, no próximo dia 30. Parlamentares,
jornalistas, juristas e intelectuais da academia apresentarão seus pontos de
vista sobre os caminhos da reforma.
Recentemente, as ruas das maiores cidades
brasileiras foram tomadas pelo clamor de uma representação, expressiva e ideologicamente
plural, que exigiu mais respeito e integridade no trato da coisa pública. Uns
bradavam pela deposição da presidente da República, outros defendiam-na,
havendo ainda quem protestasse, talvez, sem um foco claro.
Independentemente de concordarmos com o que
se ouviu e assistiu, é impossível ignorar os rugidos das ruas. Pulsa, vigorosa,
uma insatisfação crescente. Mas é certo que, no fundo, essa gente toda quer o
fim de alguma coisa e o começo de outra. Pede, enfim, uma renovação de
paradigmas. E é justo que assim o faça. Não há nada mais incoerente e perigoso
que tapar os ouvidos à voz do povo.
Mas é preciso prudência; mais cabeça, menos
romantismo. Afinal, por piores que estejam as coisas, tudo seria ainda muito
mais grave ante um Estado de exceção. Afinal, mesmo a pior das democracias,
ainda é preferível à melhor das ditaduras.
É urgente que se execute a mais essencial
das reformas, a reforma política. É muito mais que um projeto de lei, é um
encontro de vontades, de novos conceitos, de novas referências e limites.
Para que uma transformação substancial
aconteça, é necessário que todo cidadão, e não apenas os representantes
políticos, participe. A transferência de responsabilidade não nos trará mais
conforto nem soluções. A caminhada é de todos nós. Venha participar!
Edson Brum.
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