Em tempos de
aumento na energia elétrica, toda e qualquer alternativa para diminuir os
gastos com o consumo precisa ser, no mínimo, levada em consideração. Pois
pesquisadores brasileiros em energia solar defendem que o governo crie linhas
de crédito especial para a aquisição de equipamentos e a instalação de energia
solar fotovoltaica (que transforma energia solar em energia elétrica) em
residências. O tema foi discutido durante a 1ª Escola Internacional de Energia
Solar, que ocorreu na última semana na Universidade de Brasília (UnB).
O professor da UnB
Rafael Shayani, um dos organizadores do evento, afirmou em entrevista à Agência
Brasil que esse modelo de microgeração distribuída, com a instalação de painéis
nas casas, é bem promissor, pois não ocupa grandes áreas como as usinas
solares, e o excedente de energia é enviado à rede pública, em um sistema de
compensação. "Poucas pessoas sabem disso, é como se o relógio rodasse para
trás. Com essa expectativa de que a energia elétrica vai subir 40%, a solar não
vai ficar mais tão cara, se houver subsídio do governo."
Shayani explica que
isso não vai ocorrer da mesma forma em todo o país. Segundo ele, em Minas
Gerais, por exemplo, há mais procura porque é um estado com incidência solar
favorável e onde o preço da concessionária de energia é mais alto, então o
retorno do investimento será mais rápido.
O professor da
Universidade Federal de Santa Catarina Ricardo Rüther disse que investir em
geração de energia não é papel do consumidor final, mas é ele quem acaba
pagando a conta, então precisa de condições de financiamento. "É um
assunto que não está bem equacionado no Brasil. O financiamento é o gargalo.
Comparando com a indústria automobilística, se o consumidor é bom pagador, hoje
ele sai da concessionária com carro financiado até com juro zero. Como
consumidor de energia elétrica, todo mundo é bom pagador, então por que não
posso entrar em uma loja e sair com um contrato, para inclusive gerar recursos
para pagar um telhado solar?"
De acordo com o
professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Fernando Martins, o
Brasil já tem regulamentação para o uso dessa energia, então as pessoas só
dependem de mais incentivo e informação. "O benefício é a longo prazo, com
o tempo as famílias vão economizar e ajudar o país a enfrentar uma crise
hídrica, consumindo a energia da própria residência, enquanto os reservatórios
possam ser enchidos", disse.
Dados da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicam que existem hoje no Brasil 317
empreendimentos em operação gerando energia solar fotovoltaica, com potência de
15,1 mil kilowatts (kW), 0,01% da energia utilizada no país. As usinas
hidrelétricas produzem 62,55% da energia consumida.
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