sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Será a internet, o admirável mundo novo?



Em breve, a maioria das cidades brasileiras serão consideradas centros digitais. O acesso será gratuito e possível em qualquer lugar das cidades. Estuda-se, também, a possibilidade de que todos os alunos das redes municipais e estaduais tenham um computador a sua disposição. Isso pode revolucionar as metodologias e as práticas educativas. E consolidar um novo período da História, com o acesso universal às novas mídias e com a definitiva instalação de um novo jeito de se comunicar e de se relacionar. Temos pela frente novas esperanças e novos problemas.
Com a criação e a intensidade no uso da Internet inaugurou-se uma nova concepção de espaço e um modo diverso de compreender a cultura. Para compreender esse fenômeno, foram criadas duas novas palavras: o ciberespaço e a cibercultura. Pierre Lévy define o ciberespaço, ou rede, como “um novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores”. Essa conexão não é apenas dos aparelhos; também se conectam os conteúdos e as pessoas.
Quanto à cibercultura, ela significa o conjunto “de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Em outras palavras, com a Internet emergiu uma nova visão do mundo, outro jeito de estabelecer as relações, outra forma de consumir, de acreditar, de conversar e de viver.
De agora para a frente, duas palavras nos deixaram sem sossego: a abundância e a obsolescência. Cada vez mais temos a abundância de conhecimentos e informações, sem conseguir lidar com tudo isso no trabalho profissional, no ensino–aprendizagem e no cotidiano da vida. E tudo, com incrível velocidade, torna-se obsoleto, superado. E passamos a chamar de “carroça” o computador de compramos há poucos meses, de aparelho “do tempo do onça” a televisão de tela plana, de peça de museu o telefone celular que serve à função apenas de conversar.
A Internet será o centro espacial e cultural das redes do futuro. E vai inaugurar um “admirável mundo novo”. Ela vai favorecer as relações e as transações; vai criar novas sincronias para as tarefas; vai descentralizar as atividades; vai reduzir os custos de comunicação; vai democratizar o acesso à informação; vai reorganizar os locais e as relações de trabalho; vai criar novas possibilidades de compra, venda e consumo. Nesta perspectiva, parece se realizarem em plenitude os antigos ideais da modernidade iluminista. Há igualdade entre todos os internautas; há liberdade para o acesso além fronteiras; e há fraternidade onde se formam comunidades mundiais (Nalini, 2009).
As novas facilidades da Internet nos vão permitindo feitos extraordinários, sequer imaginados há poucos anos. Para certa parcela da população, a Internet é usada como fonte de pesquisa ou como meio para fazer a reserva de livros na biblioteca e matrícula na universidade. Usa-se a Internet para comprar e vender, para a leitura de livros e de jornais, para criar amizade, encontrar namorado, conversar com familiares distantes ou, simplesmente, para “navegar”, gíria usada para o passeio virtual.
Novas facilidades também trazem consigo novos problemas, que desafiam a Ética, o Direito, a Educação e a Psicologia. Os novos relacionamentos virtuais pela Internet tendem a substituir os relacionamentos reais, o contato com pessoas de carne e osso, e produzem uma imagem falsa e artificial das pessoas. Com a mesma intensidade da dependência provocada pelas drogas, o computador está produzindo novos dependentes, incapazes de viver sem ficarem ligados on line o tempo inteiro, madrugada adentro. Nas pesquisas, há incontáveis trabalhos que são apenas copiados e colados, sem leitura, reelaboração da linguagem ou citação das fontes bibliográficas e respeito aos direitos autorais. A gravidade disso chegou às teses de doutorado.
Pela Internet ainda existem os vírus que destroem programas de precioso valor; há sites clonados e apresentados como se contivessem informações verídicas; há senhas que são sequestradas para roubar; há venda ilegal de armas; há pedofilia e prostituição; há exposição da vida privada e invasão na vida dos outros. Tais problemas, e outros tantos mais, irão universalizar-se sempre mais. Neste ano, no Brasil, a Internet já é acessada por um em cada quatro habitantes. Com o Plano Nacional de Banda Larga, o governo brasileiro quer ampliar o acesso da Internet a toda a população. E, em recente Conferência Mundial sobre a Sociedade da Informação, foi estabelecido o ano de 2015 como meta para que o acesso à banda larga seja feito por metade da população global. Esse será o nosso futuro. Melhor será saber lidar bem com ele.

Wolmir Therezio Amado no DM opinião.

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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É meu amigo, é a vida imitando a arte, como em "Adimirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, um mundo tão asséptico como aquele só seria possível mesmo no mundo virtual, como Matrix...rsrs
    A internet está aí para cumprir a "profecia" de George Orwell em 1984, do Grande Irmão vigiando todos e reeditando a história a seu bel prazer...
    Desculpe ter excluido o outro comentário, é que a internet está começando a me afetar também e eu acabei escrevendo errado...rsrs

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