sábado, 4 de setembro de 2010
Reforma política urgente!
"Vote em Tiririca, pior que tá, não fica". Este é o slogan da campanha de Francisco Everaldo Oliveira Silva, candidato a deputado federal pelo PR, por São Paulo. O bizarro slogan do candidato paulista é um dos tantos que estão sendo veiculados pela televisão e pelo rádio na atual campanha para os cargos proporcionais. Como o sistema adotado baseia-se no sistema proporcional com voto nominal, aliado ao voto de legenda, temos a sistemática também conhecida como "voto em lista aberta", que permite a livre escolha do eleitor ao candidato de sua preferência. Assim, o partido oferece uma lista de nomes sem uma ordem pré-estabelecida, de modo que o cidadão possa votar no nome que melhor lhe aprouver, fazendo com que - o que é uma tradição brasileira - o foco da política repouse na figura do candidato, ficando a solidez da agremiação relegada a um segundo plano. São poucos os países no mundo que adotam sistema de listas abertas. Além do Brasil, apenas Finlândia, Peru, Polônia e Chile, adotam esse sistema, com diferenças substanciais entre si. No Chile, por exemplo, o sistema proporcional de listas abertas, que foi aprovado na reforma eleitoral de 1989, é um sistema chamado de binomial, ou seja, o país é dividido em distritos eleitorais e cada distrito elege dois representantes para Câmara dos Deputados e dois para o Senado (cada partido ou coligação apresenta dois nomes, e o eleitor vota em apenas um). Para um partido eleger os dois representantes de cada distrito, é necessário obter mais do dobro da votação do segundo partido (ou coligação) mais votado. Caso isso não ocorra, a segunda vaga é do partido (ou coligação) que obteve a segunda maior votação. Entre nós, desde a Constituição de 1934, está em vigor o sistema proporcional de listas abertas. Isto é, um tipo de eleição onde se pede aos cidadãos e cidadãs que escolham pessoas, ficando a solidez da agremiação partidária relegada a um segundo plano. Assim os partidos privilegiam comunicadores de rádio e TV, pastores, ex-jogadores, artistas da música, enfim, candidatos populares. Capacidade intelectual, formação ética e moral, fidelidade às ideias do partido passaram a ser meros e desprezados detalhes. Na verdade, na maioria dos casos os candidatos sequer sabem qual a plataforma do seu partido. Cada sociedade pode criar a sua versão de democracia. A nossa é uma democracia representativa. Nesse sistema, o povo escolhe seus governantes e estes, por sua vez, recebem uma delegação de poderes para tomar todas as decisões necessárias. As políticas e propostas são apresentadas pelos candidatos, e, ao votarem, os eleitores decidem que rumos querem dar para o estado e o país, como é o caso das atuais eleições. O sistema de lista aberta propicia, entre outros problemas, o desenvolvimento de pleitos clientelistas e a intromissão de interesses particulares, por via da atuação política do candidato favorecido, nas questões públicas fundamentais. Não podemos ignorar o peso da tradição patriarcal e seus desdobramentos no patrimonialismo da política brasileira. Ancorado na tradição ibérica, o patrimonialismo transposto para as terras americanas confundiu família e ordem pública, interesse privado e Estado. As distorções patrimonialista estiolaram a ação do povo, da "sociedade civil", na busca da democracia. Durante muito tempo o voto foi verdadeira mercadoria de troca de favores. Os defensores da lista aberta argumentam que tal modelo retira do eleitor o tradicional direito de escolher uma pessoa e o substitui pelo de escolher uma organização impessoal e intangível. Com isso, se o eleitor se identificar especialmente com um candidato, deverá suportar a possibilidade de contribuir com a eleição de outros candidatos, da mesma sigla, que considere inidôneos. É um problema que não pode ser ignorado. Entretanto, é preciso ressaltar que as listas fechadas de candidatos apresentam aspectos positivos como o fortalecimento das organizações partidárias, com o que as propostas por elas apresentadas se elevam ao principal critério de votação. Isto faz com que os partidos se tornem disciplinados bem como formem uma base ideológica sólida e sensível às aspirações sociais, desestimulando, entre outras coisas, as coligações partidárias oportunidades e fortalecendo a fidelidade partidária. Por outro lado, não podemos deixar de considerar, que com a lista fechada, há uma ruptura muito forte entre eleitores e eleitos. O eleitor passa a ter uma relação muito abstrata com os partidos e as elites partidárias ganham muito poder, ao comandar o ordenamento da lista. Enfim, não há um modelo perfeito. A esperança é que a cada eleição possamos avançar na direção do melhor sistema eleitoral e que a reforma política tão almejada se transforme em realidade.
por José Ernani de Almeida
Comente o texto, participe!!!
Postado por
William Junior
às
02:01
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Postagem mais recente
Postagem mais antiga
Página inicial
Linkbão
Oi Torpedo
Oi Torpedo Web
Click Jogos Online
Claro Torpedo
Claro Torpedo Gratis
Rastreamento Correios
Mundo Oi
oitorpedo.com.br
mundo oi torpedos
mundo oi.com.br
oi.com.br
torpedo-online
Resultado Dupla Sena
Resultado Loteria Federal
Resultado Loteca
Resultado Lotofacil
Resultado Lotogol
Resultado Lotomania
Resultado Mega-sena
Resultado Quina
Resultado Timemania
baixa-facil
Resultado Loterias
E-Scripter
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Meu caro amigo William, boa noite!!!
ResponderExcluirÉ isso ai, meu amigo... e depois ficam todos reclamando que nossos políticos não prestam... a Câmara Federal tem que ter gente competente e não engraçada, senão vira palhaçada!
Necessitamos de reformas urgentes... que tal um pré vestibular para candidatura? Como se faz para entrar em uma faculdade...
Parabéns pela excelente postagem!
Abraços e muita paz!!!