quarta-feira, 9 de março de 2011
O que move os ditadores
O ser humano parece ser facilmente seduzido pelo poder
Neste início de ano as revoltas populares, contra ditadores e governos totalitários, têm tomado as manchetes. Parece um ciclo que se repete, pois muitos desses ditadores chegaram ao poder através de golpes militares ou então revoltas populares. Parece comum alguns líderes desse tipo de movimento almejarem, não a libertação do povo, mas sim o cargo de comandante da nação.
O ser humano parece ser facilmente seduzido pelo poder. Afinal são muitos os casos de líderes populares que defendem sua classe, pregam ideologias de igualdade, mas quando assumem algum cargo pisam sobre tudo aquilo que defenderam. Mas é compreensível, afinal a medida do mundo para o sucesso é o poder, e este poder é almejado para exercer domínio, e este domínio a fim de obter ganhos, sempre relacionados a glória e prazer pessoais. O poder transforma os homens. E, no conjunto dessas histórias, como as que estão se desenrolando atualmente, normalmente temos líderes revoltosos e governos estrangeiros que dizem querer o respeito aos direitos humanos e a libertação da população.
Nos casos atuais, muitos desses ditadores eram apoiados, pois seus países eram considerados ditaduras estáveis. Nesse momento os EUA, por exemplo, não defendiam ou usavam sua influência para promover a democracia.
Mas a partir de determinado momento decidiram avalizar as reivindicações democráticas. Não foi isso que aconteceu no Iraque? E o que mudou para o povo? A realidade que os iraquianos vivem hoje é diferente do tempo de Saddan? Na Líbia se desenha um processo sangrento. Kadhafi é um militar que chegou ao poder há 42 anos. Era próximo de Berlusconi e Tony Blair. Mas agora é um louco que se vê sozinho. As ideologias, os apoios, são na verdade um emaranhado de interesses onde os reais interessados, o povo, são marionetes.
A política exterior dos Estados Unidos conta com um extenso histórico de instalar, financiar, armar e apoiar regimes ditatoriais que respaldam suas políticas e interesses, sempre mantendo controle sobre seus povos. Historicamente tem sido assim. Quando os levantes populares desafiaram as ditaduras respaldadas pelos EUA e parecia provável uma revolução social e política, responderam com práticas demagógicas. Criticavam publicamente as violações dos direitos humanos e defendiam reformas democráticas, ao mesmo tempo em que indicavam de maneira privada a manutenção do apoio ao governante, e também buscavam uma alternativa que pudesse substituir quem estivesse no cargo, conservando o sistema econômico e o apoio aos seus interesses estratégicos.
Para os Estados Unidos não há relações estratégicas, somente interesses permanentes. E com isso até os ditadores se tornam marionetes, pois tem a falsa impressão de manterem relações estratégicas com a maior potência mundial.
Então de que adiantam os levantes populares, se depois de um processo de reconstrução, e de um clima de falsa liberdade, as coisas voltam ao normal, com as riquezas petrolíferas sendo mal distribuídas, o povo numa condição miserável e o poder na mão de governantes inescrupulosos.
Talvez alguém se pergunte: mas o que nós, brasileiros, temos com isso? Porque antes de sermos brasileiros, iraquianos ou americanos, somos humanos, e isso ultrapassa fronteiras físicas e ideológicas. O ser humano é daninho, e normalmente almeja o que condena. Os acontecimentos atuais se repetem em ciclos, e tudo isso movido por um só combustível.
Não a igualdade ou a democracia, nem mesmo a preocupação com seus semelhantes. O povo quer melhores condições de vida, se une pra isso, enfrenta a morte, mas os líderes e apoiadores dessas movimentações muitas vezes são movidos pela cobiça e ambição. Interessante ainda é que em alguns casos a camuflagem dos reais interesses chega a ser tão bem elaborada e sofisticada que conseguem enganar a si próprios, enxergando-se honestos e autênticos para consigo próprios enquanto, no fundo, alimentam apetites egoístas e arrogantes. Começam mal suas trajetórias, e quando assumem o poder nada mais fazem do que repetir, a seu modo, o estilo de governar de seu antecessor.
E assim caminha a humanidade.
por: Ivanor Oliviecki .
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Postado por
William Junior
às
15:50
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Nós brasileiros temos muito a ver com isso. A ditadura militar aqui foi instalada e apoiada pelos americanos. No caso da Líbia, o apoio tímido dos EUA (que foi descarado no Egito) dá-se principalmente por causa do petróleo: eles não querem perder essa boquinha.
ResponderExcluirEnfim, o poder seduz, o dinheiro seduz, as drogas seduzem, as mulheres seduzem. Para tudo isso (exceto a última) há a esperança de se recuperar.
Sempre que um governo, seja democrática, ditadura, reinado, ou seja lá o que for. Se for favorável ao EUA então vai ter sempre seu apoio. Isso aconteceu e acontece no Iraque, Egito, Equador, Honduras, Argentina e onde mais existir governos que apóiam e aceitam a política americana. E o povo? Ora o povo! Ao povo as migalhas, quando sobram!
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