domingo, 13 de março de 2011

A volta às aulas e a necessidade de investimentos urgentes



Neste limiar de século 21, depois de perder todas as oportunidades históricos anteriores, o Brasil precisa urgentemente tratar a educação como investimento indispensável a qualquer país que pretenda um lugar no mundo moderno. Nunca a educação foi tão decisiva para construir uma economia próspera e uma democracia participativa, fundada no pacto dos cidadãos.

Todos sabemos que as coisas são mais complicadas, que o conhecimento se desenvolve em contextos sociais específicos, e que a separação entre o mundo dos fatos e o mundo dos conceitos, valores e preferências não é tão simples e nítida quanto às vezes se diz. A negação do mundo real não pode impedir uma boa educação.

É preciso entender que existem conhecimentos melhores do que outros, não apenas ideologias,que o conhecimento é o resultado da integração do ser humano com o mundo.Independentemente do que possamos gostar ou preferir, existem métodos de ensinar a ler que funcionam, e outros que não;existem universidades de qualidade, que formam bem e produzem conhecimentos relevantes, e universidades ruins, que formam mal, e amontoam alunos em salas de aula em busca do lucro fácil.

A verdade é que os nossos jovens precisam dominar seu idioma e as ciências de uma maneira geral.As escolas devem pautar sua atuação por parâmetros de eficiência,eficácia e qualidade e,assim, nossos estudantes poderão, finalmente, ser educados para o que deles será solicitado em sua vida adulta.

O historiador Christopher Hill, em um estudo magistral sobre a revolução inglesa de 1640, demonstrou que aquele acontecimento acabou influindo, com séculos de antecedência, na formação do futuro Império Britânico, aquele em que o sol nunca se punha, através de suas providências quase sempre pouco consideradas: a universalização do ensino e a secularização do conhecimento científico.

Os revolucionários ingleses pregaram o que era inédito, a educação para todos até os 10 anos de idade, inclusive às mulheres. Para os alunos mais dotados,abria-se o acesso aos estudos superiores.A educação esteve,portanto,nos alicerces das nações modernas desde as primeiras revoluções antifeudais do século 16.Na Inglaterra, na França,na Prússia, a energia que lançaria há história estas nações veio desses impulsos remotos, que exorcizaram a fatalidade como explicação para os infortúnios da vida,fizeram o domínio da natureza parecer possível e desejável,transformaram a ampla cidadania numa fonte de vitalidade nacional.

Entre nós, é preciso lembrar,por nossa origem colonial,não sofremos a influência das revoluções liberais do século 18.A educação que chegou aqui,trazida pelos jesuítas,impregnada de Contra-Reforma, não pretendeu sequer se ocupar da competência da população em geral.

Faltava a necessidade de formar exércitos competentes para a defesa ou para a conquista,a colônia dispensava uma burocracia ampla e capaz,o modelo econômico extrativo,latifundiário e escravocrata não pedia mão-de-obra qualificada.Ruim com os jesuítas,pior sem eles.A educação brasileira sofreu um rude golpe com as reformas Pombalinas, que substituiu na colônia os jesuítas por leigos mal remunerados e completamente despreparados.Na verdade,nunca,até hoje, houve no Brasil uma tentativa séria de promover um acordo político e social que complementasse a formação do Estado nacional.Por isso, nunca se pensou na educação como complemento a um projeto desses.

O economista Claudio de Moura Castro, em seu livro “Crônicas de uma educação vacilante”, diz com muita propriedade que nossa educação parecer ser regida por três leis:
1)Todo fenômeno mundial tem aqui uma explicação tupiniquim e diferente;
2)Como a solução tupiniquim é sempre melhor,não carece ver o que se faz no resto do mundo;
3) Em caso de dúvidas,consulte-se um autor defunto,jamais o mundo real, pois é um perigo para as teorias. A solução para os males da educação está num tripé consagrado pela experiência internacional: metas curriculares bem estabelecidas, professores preparados – e valorizados – para executá-las e um sistema de cobrança de resultados.

por José Ernani de Almeida.

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