quinta-feira, 20 de maio de 2010

Formação de professores e educação ambiental



Ao longo de sua história a humanidade modificou o meio ambiente no intuito de garantir sua sobrevivência e progresso econômico. Foram necessários muitos séculos de caminhada para que o homem percebesse que os recursos naturais são finitos e que sua utilização desordenada retirou do “quebra-cabeça” do ecossistema toda a beleza e equilíbrio da composição. A necessidade mais urgente vivida e sentida pela humanidade, com todos os impactos possíveis, decorre do agravamento da situação ambiental. Nos últimos anos o mundo tem se transformado de maneira ampla e profunda. Tal transformação vinculada aos aspectos científicos, tecnológicos, políticos, econômicos, sociais e culturais tem levado a sociedade a enfrentar sucessivos e complexos acontecimentos que modificam a vida e anunciam a barbárie que será sobreviver doravante.
Por mais que os atores públicos e privados, incluindo parlamentares, governantes, constituintes, poder judiciário, ONG’s e pacifistas se mobilizem, o caráter imperativo, próprio das políticas públicas, parece ainda não provocar o conjunto dos cidadãos para o compromisso ambiental. Os conflitos gerados pela vida em sociedade e a exacerbada e desordenada exploração e ocupação da terra, denunciam o poder como ferramenta de verticalidade e desigualdade entre os homens.
As discussões em torno do meio ambiente, como forma de garantir a própria existência humana, tornaram-se comuns nos últimos anos e a educação formal foi conclamada a tomar parte nesta luta. Embora haja orientação e determinação legal para que a Educação Ambiental figure no espaço da Educação Básica, apenas a prescrição formal não tem garantido sua presença e eficácia. Os documentos oficiais do Ministério da Educação — Parâmetros Curriculares Nacionais, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Diretrizes para os diversos cursos de formação inicial de professores — coadunam com a visão de que o trabalho pedagógico em Educação Ambiental é um caminho imprescindível à transformação de atitudes e conceitos.
Contudo, a formação de professores precisa garantir o desenvolvimento de seu papel primordial, qual seja, o de mediador do conhecimento. Conhecimento traduzido em sabedoria de vida, em ciência clara. A mediação do professor é fundamental em nossa sociedade que, embora tenha o título de sociedade da informação, não tem conseguido garantir que esta se transforme em conhecimento e alcance a todos. Portanto, não basta ter acesso à multiplicidade de informações, muito comum em nossos dias, se não houver a necessária mediação do professor para ensinar a conhecer, enquanto capacidade de agir teoricamente e pensar praticamente.
É importante considerar que a informação e o discurso em torno das questões ambientais estão sempre presentes. Fala-se demais na intenção de conscientizar, desconsiderando que o mundo social não funciona somente em termos de consciência, mas também em termos de práticas. Há que se pensar no plano da realidade concreta, propondo ações efetivas.
A educação formal, tendo o professor como mediador do conhecimento e formador de atitudes, necessita se comprometer com essa causa. É ele quem poderá trabalhar intensamente em prol de uma totalidade há muito cindida, qual seja a da integralidade homem-natureza, colaborando na restituição dos laços necessários à preservação da própria existência humana. Novos encontros precisam ser promovidos, a começar pelo encontro do educador com a visão holística da vida. Esse encontro tem como fim colimado superar a separação entre o ser humano e meio ambiente, uma vez que a todo o momento este aspira para seu interior o ar que o circunda, ingere a água e os alimentos e se relaciona com os outros seres vivos.
Não há fundamento para que um racionalismo técnico e estéril prevaleça na formação daquele que formará outros seres humanos. Ao contrário, vivemos tempos que clamam pelo enfrentamento da crise ambiental como uma questão urgente e vital, e a formação de professores é um dos caminhos essenciais para vencer esse desafio!


Márcia Carvalho.


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Um comentário:

  1. Em um país onde cerca de 600 mil professores não tem ensino superior, ou seja, 1/3 do total. Onde cerca de 120 mil professores que palestram aulas para o ensino médio só possuem o ensino fundamental, apostar na boa educação não só do educando, mas também do educador é o mínimo de qualquer criatura que se diga merecedor do cargo máximo deste país.

    Um forte abraço!

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