quinta-feira, 13 de maio de 2010
Sobre meninos afeminados
Não é raro surgir em consultório de psicologia pais incomodados com os comportamentos afeminados dos seus filhos. Os próprios indivíduos possuidores dessa conduta são acometidos por algum tipo de insatisfação, seja o da não autoaceitação motivada pelo autopreconceito ou pelo preconceito social. Muitos, possuídos por esse impulso, não conseguem entender essa manifestação. Alguns ficam se perguntando o que possibilitou a emissão desse tipo de comportamento, na maioria das vezes involuntário.
Podemos buscar a origem de tais atitudes em algumas áreas de estudo. A psicanálise, por exemplo, observou que por conta da separação dos pais, muitos dos filhos homens que se afastam da convivência cotidiana masculina e passam a maioria do tempo com a mãe ou sua substituta, avó ou tia – antes da introjeção completa do modelo masculino – apreende comportamentos afeminados. O filho acaba repetindo e apreendendo alguns comportamentos das mães ou das responsáveis pelo seu cuidado, por lhe ter faltado o modelo masculino de identificação.
Torna-se útil acrescentar que na visão psicanalítica isso não acontece somente em ambientes de relações conjugais desfeitas. No lar onde os pais não são separados, mas a presença física e afetiva do pai é uma raridade e a presença materna é imperiosa, as chances dos filhos do sexo masculino em absorver os trejeitos da mãe são reais.
Saindo do mundo psíquico e adentrando o mundo físico, vamos perceber outros fatores que estimulam a efeminação de meninos. As modificações hormonais que acontecem no organismo humano sem a nossa interferência intencional é um fator que deve merecer mais atenção e é disso que vamos falar agora.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos indica que um grupo de produtos usados para amaciar e aumentar a flexibilidade do plástico e vinil afemina meninos. Empregados como plastificante, os “ftalatos”, uma família de produtos químicos utilizados na fabricação de borrachas escolares, chupetas, chocalhos macios e mordedores podem mudar o comportamento dos meninos do sexo masculino, fazendo com que eles fiquem “mais femininos”. De acordo com o estudo de pesquisadores da University of Rochester, os “ftalatos” interferem no desenvolvimento do cérebro, bloqueando a ação do hormônio masculino testosterona nos bebês.
Além das chupetas, chocalhos macios e mordedores infantis, os “ftalatos” são encontrados em embalagens para alimentos, cortinas plásticas, colas, corantes e artigos têxteis, entre outros itens. Há vários tipos dessa substância, e alguns simulam o efeito do hormônio feminino estrogênio. A equipe responsável pelo estudo já havia provado a associação entre a substância e meninos nascidos com anomalias nos genitais.
Dentre os plastificantes, os mais utilizados são os ésteres do ácido ortoftálico, usualmente conhecidos como ftalatos. Estudos atuais mostram que essas substâncias trazem riscos à saúde mesmo em doses baixas, o que levou às instituições europeias e americanas a regular a utilização de ftalatos em muitos produtos, especialmente em brinquedos. No Brasil o Inmetro publicou no final do ano de 2007 a Portaria 369 que estabelece requisitos para aceitação dessas substâncias. A União Europeia, ciente de que os ftalatos interferem na ação de hormônios no organismo, já á alguns anos proibiu sua utilização na fabricação de brinquedos.
A pesquisa, divulgada na publicação científica International Journal of Andrology, legitima os estudos anteriores quando associa os “ftalatos” a alterações no desenvolvimento dos genitais e atualiza nossos conhecimentos ao mostrar que os hormônios moldam as diferenças sexuais no cérebro e, consequentemente, o comportamento.
O desenvolvimento da humanidade depende de estudo, conhecimento e aplicabilidade. Diante do quanto ainda se tem a descobrir sobre o ser humano e a natureza, não nos cabe falar aqui de um mundo pronto e acabado. Somos ao mesmo tempo, coadjuvantes e expectadores desse devir.
Renner Cândido Reis.
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Postado por
William Junior
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18:41
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É bem interessante saber disso .
ResponderExcluirUma informação nova e que merece ser levada em consideração . Mas não pode ser encarada como definitiva . Mas é bom ficarmos atentos .
Eu como mãe de 3 garotos e separada desde que eles eram bem pequenos, digo que sempre prestei atenção nesse ponto. Minha casa, por exemplo, nunca foi toda "feminina", com tudo cor de rosa, cheio de rendinhas e fitinhas, pelo contrário. Aqui a simplicidade impera. Eu mesma, ao falar com os garotos, nunca fui cheia de "jeitinhos". Acho que eu é que fiquei meia fria e sem muitas vaidades.
ResponderExcluirAcho também que se o casal permanece junto mas o pai não aceita o filho,o trata com deboche, ou muita opressão o filho terá uma tendência a se identificar mais com a mãe.
Agora essa coisa dos plásticos, pra mim é novidade. Não sabia.