A Terra pede socorro

Assisti a uma palestra do jornalista Washington Novaes, que, na sua simplicidade, alegou, perante todos, não ser ambientalista e muito menos jornalista especializado em meio ambiente. Mas deixou claro o porquê do seu envolvimento com o tema ambiental quando iniciou sua fala: “Eu entendo que é impossível tratar de qualquer tema sem examinar os impactos humanos sobre o meio físico”. Fiquei impressionado com o conhecimento de Novaes e, ao mesmo tempo, muito mais preocupado com o futuro da humanidade.
Houve um tempo em que o termo aquecimento global só era assunto apenas de alguns cientistas preocupados com a poluição ao longo de décadas. Hoje é um assunto bastante debatida, apesar de não ser tão bem compreendido. Se o dia está muito quente ou se cai uma tempestade, logo dizem que isso é resultado do aquecimento global. É sabido que tão fenômeno climático existe, mas não se sabe ao certo até que ponto os seus efeitos interferem na natureza.
É importante compreender o aquecimento global, quais seus efeitos imediatos e futuros. Esse aquecimento é resultante do efeito estufa, onde gases como o gás carbônico, metano e óxido nitroso são liberados por ação humana. Esses gases ficam presos na atmosfera absorvendo raios solares refletidos da superfície terrestre, retornando posteriormente essa energia a Terra, provocando rapidamente aumento da temperatura. Para que se entenda, um aumento de 1 grau Celsius em cem anos poderia ser considerado um aquecimento resultante da interferência humana. Um aumento de até 0,4 grau Celsius, nesse mesmo período seria um aquecimento natural. Por si só esse aquecimento não é ruim, pois é esse processo que garante a temperatura da Terra aquecida para a manutenção da vida humana. Quando o efeito aumenta, desestabiliza o equilíbrio energético do planeta e origina-se o fenômeno conhecido como aquecimento global. Aqui entra de fato a ação do principal responsável por esse aquecimento: o homem.
Com a mecanização dos sistemas de produção, ocorrida inicialmente na Inglaterra no século XVIII com o advento da Revolução Industrial. De lá pra cá, o homem vem contribuindo substancialmente com a emissão de gases na atmosfera. Responsável por um terço do aquecimento do planeta, o metano tem uma capacidade de reter calor na atmosfera 23 vezes maior que o gás carbônico. Sua principal emissão vem da pecuária (ruminação, fermentação intestinal e esterco de gado) e de lixões (decomposição de resíduos orgânicos). O metano permanece na atmosfera por 12 anos.
Porém quem mais contribui para o aquecimento global é o gás carbônico. Ele cresceu principalmente pelo uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) em termelétricas, indústrias, automóveis e pela devastação e queima de florestas. Este gás permanece na atmosfera por um período de 100 anos.
O aquecimento global tende a aumentar provocando consequências como alterações nos regimes das chuvas, incêndios nas florestas, avanço do mar sobre rios e o litoral, escassez de água potável, destruição de habitats e consequentemente perda de biodiversidade, danos na agricultura, fome, problemas sociais, ameaças à saúde das pessoas etc.
Na semana passada, fiquei estarrecido quando cheguei ao trabalho e um colega veio me relatar o acontecido naquela noite. Segundo esse amigo, ele e toda a sua vizinhança de bairro acordaram na madrugada, pois o córrego havia transbordado e o volume de água subido tanto que estava invadiu muitas casas; alguns moradores tiraram os carros das garagens às pressas e outros corriam pela rua de pijama, assustados.
Se nós ignorarmos essas mudanças climáticas consequentes do aquecimento global, poderemos causar uma catástrofe mundial de proporções imensuráveis. O clima não é mais o mesmo. Chuvas intensas que alagam tudo, ciclones, furacões, calotas polares derretendo. Nosso planeta necessita da ajuda de todos nós. O problema exige mudanças em muitos hábitos de consumo. Os cidadãos em todo o mundo, enquanto eleitores, têm o poder de pressionar seus governos a imporem limites para as emissões de gases e adotar fontes de energia renováveis. Caso contrário, enfrentaremos outras grandes catástrofes naturais, como o tremor ocorrido no Haiti, Índia, os tsunamis devastadores na Europa, os deslizamentos no morro do Bumba em Niterói e no litoral de Angra dos Reis.
A Terra pede socorro. Esse socorro está em nossas mão

João Batista Peres Júnior.

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