segunda-feira, 24 de maio de 2010

Prevenção ainda é o melhor caminho







Dinheiro algum será suficiente para interferir na proliferação ao uso de substâncias psicoativas caso não se destine verbas e apoio para projetos de prevenção a depressão e outros transtornos, afinal, tornar-se dependente químico consiste em, antes de tudo, ter sido arremessado ao “estranho mundo” que se forma dentro de cada mente, diante de conflitos emocionais redundantes da incapacidade de elaboração das perdas ou contingências profundamente exaustivas. As drogas, nada mais são, senão, o resultado das relações que cada um vive em sua dor, ou, mesmo em sua profunda ausência de um corpo e que frente as alterações dos processos neuroquímicos, entorpecem o insuportável universo que parece ser tragado por um buraco negro, construindo sobre o que resta de um corpo que não mais se sente os únicos instantes que tornam-se visíveis e perceptíveis a si mesmo.
Os usuários que fazem do asfalto o piso e do céu o teto de suas moradas, escolhem as ruas, afinal, por não serem observados em seus gritos por socorro, em decorrência da desassistência, tanto afetiva quanto da dura realidade social que os sufocam na profunda dor e nos questionamentos que fazem sobre a vida, então, elegem a relação com as “drogas” uma possibilidade em desaparecem diante do breve corpo que criam, sendo esse, fonte de intenso prazer, o banquete que atenua a fome e o palco para que tornem-se vistos, pois, se é assim a única forma em que são notados, incomodando a muitos e desafiando as forças públicas, defensoras de interesses privados, qual outra escolha poderiam fazer?
O uso de substâncias psicoativas é uma comorbidade de tantos outros transtornos, principalmente, das depressões, das ansiedades e de suas mais variadas manifestações, pois, não há como definir a subjetividade da dor e do desespero diante o infinito universo psíquico, sendo que esse não se restringe apenas às classificações do que está criado no “Manual de Diagnóstico e Estatísticas das Perturbações Mentais”, nem tampouco, no “CID-IX (Classificação Internacional de Doenças)”. É necessário ouvir pessoa por pessoa, permitindo que elas contem suas histórias, dividam suas dificuldades e exponham suas angústias, que chorem e tenham a quem possam mostrar a ambivalência revelada através de suas lágrimas.
A sociedade está combatida, afinal, são tantas propostas de combate com tantas vítimas de operações e procedimentos pessimamente sucedidos, levando-nos a compreender a ineficácia de muitas propostas. Chega desse jargão (“combate”) fácil e alucinógeno, entorpecedor de nossas ansiedades, e caminhemos para uma solução madura, consistente e desprovida de “heróis”, afinal, esses o são, senão, heróis de seu narcisismo. Portanto, necessitamos de políticas de prevenção que possibilitem às famílias e aos usuários informações e suporte multidisciplinar (psicólogos, médicos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, advogados e voluntários) destituídos do academicismo tolo, das disputas corporativas e de interesses escusos construídos por debaixo das mesas e sobre a vergonha de uma nação que grita por socorro em relação a pandemia que assola muitos lares, que desagrega milhares de famílias, que furta grandes sonhadores e gênios anônimos, não revelados, por que não nos dispomos a vê-los, “fingindo que o mundo ninguém fez, mas, acontece que tudo tem começo e se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês!”(Renata Russo e Flávio Lemos).
Tenho percorrido várias igrejas, associações e sindicatos apresentando o “Programa de Prevenção a Depressão e outros transtornos”, sempre investindo de meus próprios recursos, restringindo alguns de meus hábitos e algumas de minhas vontades em nome de um sonho, acreditando e vendo no olhar das mais de duas mil pessoas com quem já conversamos durante nossas palestras, o despertar da esperança e a revitalização de suas capacidades para que possam se recuperar ou ajudar filhos, amigos, parentes, ou mesmo, desconhecidos. Fica aqui minha sugestão aos senhores(as)para que possamos investir em programas de prevenção, pois, ainda é o melhor caminho.


Marcus Antonio Britto de Fleury Junior.

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4 comentários:

  1. Nossa, admiro todo e qualquer empenho em prevenir e tentar ajudar quem ja vive essa dura realidade, pois sabemos que e um problema que envolve a todos nós.Dificil hoje alguem nao conhecer um amigo,ter um parente, ate mesmo dentro de casa, esse problema de drogas.E concordo, tudo tem uma raiz, como ja ate citei antes, principalmente espiritual, para estar nessa situação.A questao de chamar atenção pra sua dor tambem foi muito bem abordada.
    Que Deus abençoe a todos que pretendem ajudar!

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  2. Acho que a prevenção deveria acontecer em casa e na escola, pois é na adolescência que esse problema começa a acontecer.

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  3. Acredito que não adianta tapar o sol com a peneira...a prevenção com certeza é a melhor saída,mas o que fazer com os que já enveredaram por esse caminho?
    Bjos

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  4. Bom diaaa.
    Creio que a prevenção é a grande solução, o problema é que nosso país não tem essa cultura e o investimento em saúde é muito baixo.
    Beijos,
    Mari - http://marimartinsatemporal.blogspot.com

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