domingo, 2 de maio de 2010

Fabricando dinheiro...



Aos 26 anos, Juninho resolveu dar uma guinada na vida. Vai trocar o vídeogame por um concurso público. Sim, um daqueles de nível superior no qual você trabalha 40 horas e ganha, para ser um burocrata, dois salários e meio. Emocionante se matar de estudar, fazer faculdade, investir dinheiro do sacrifício dos pais e da família, horas de curso superior, livros, o próprio tempo na arte de decorar e evitar as profundas pegadinhas de concursos públicos, a concorrência de milhares de candidatos para ganhar a maravilhosa quantia de dois salários mínimos e meio.

Se Juninho for aprovado, terá a abastada vida de funcionário público - digna de quem leva a essência de seu espírito a sério - e vai viver batendo carimbos, gerenciando papeladas e afins.


Nos últimos anos, surpreende a quantidade de pessoas que apostam sua felicidade e realização econômica e financeira, sua vida em uma carreira de concurso distante da própria vocação. Para os concurseiros é comum o discurso de estabilidade financeira(mesmo ganhando mal) ou a calamidade narrativa do chamado trabalho sem esforço, excelente a quem sofre de preguiça crônica. Nesta modalidade, é feito um esforço enorme para entrar no serviço público, na ilusão de que ali poderá levar uma maravilhosa vida inútil em que o nada lhe renderá lucros e dividendos, os eternos carnês e prestações consignadas. Nada como o astral de uma repartição pública, tanta gente feliz, realizada profissionalmente. Advém de tanta bem-aventurança o questionamento: em que lugar enfiaram o chamado espírito empreendedor, a luta, a garra, a ganância de, mesmo com dificuldades, por amor a uma profissão, querer crescer? Por que milhares de indivíduos sonham, acreditam que na miséria da vida pública, na chance ínfima um dia existirá prosperidade? Crendice, fanatismo, ilusão? Teria todo esse processo alguma ligação com a corrupção existente no Estado brasileiro? Aprofundamos este questionamento em nosso website.
Em um estado em que são criados concursos sem vagas específicas (cadastro de reserva) ), em que muita gente reproduz a máxima "sei que não existem vagas, é apenas um engodo para aumentar a arrecadação no fim de uma gestão", há tanta gente sonhando acordada, imaginando tanta bonança, tanta prosperidade no pacato salário digno da burocracia.

Quem ousa acreditar em contratação na especificidade do "não existem vagas"? Quem é que sonha com a dignidade de uma vida financeira apertada? Cultura de migalhas? É pouco, mas vale a pena?
Muita gente reclama que não se dá bem financeiramente, mas infelizmente raros são os que sonham, que investem pesado em uma carreira, que têm espírito empreendedor, paciência e perseverança para superar as adversidades da vida para uma escalada social. Dinheiro é energia, requer investimento intelectual, esforço, dedicação.


Outro dia conversava com um dos maiores empresários da região e fiquei surpreso ao ouvir que ele não tirava férias há 16 anos. Amava sua empresa, seus negócios e a vivia com intensidade. Foi um garoto pobre do interior que sonhou, ousou, com espírito empreendedor e venceu à custa de muito suor e sacrifício. Muitos amigos podem achar que estou falando de bens materiais, de dinheiro. Porém o que verso vai muito além: falo de realização, de espírito, de alma, de energia de luta. Dinheiro é apenas a consequência de um trabalho feito com amor.


Jorge de Lima.

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4 comentários:

  1. Isso é algo que vem do passado,muito distante e até hoje ainda persiste a nos comover ou corroer de certa forma as mamatas do funcionalismo público.Eu acredito que não vale a pena por cargos de baixos salários e por cargos sem sentido,coisas que brotam nas telas e editais pelo país todo.A grande verdade de tudo isso é o poder que o cargo beneficia ,mesmo ganhando pouco dinheiro.Eu mesmo tenho vontade de prestar concurso público,mas fazendo algo na minha área e que eu goste,porque já estive dentro dos prédios e instalações do governo e haja mal gosto pra tanta gente feia,gorda e chata.Prefiro me arriscar ainda como empresário e deixar por ultimo essa idéia de funcionário público pra quando realmente o mercado estiver péssimo e o Brasil afundando .Acho que demora e espero até lá não estar aposentado.Ótima matéria ,abração.

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  2. O pior é que mesmo nos cargos que pagam altos salários há muita gente que simplesmente não faz nada e fica de lado, pois não quer participar, e ainda se queixa das injustiças que lhe fazem.
    Mas há também muita gente que trabalha muito e corretamente, senão tudo já teria explodido, pois alguém tem que fazer o serviço.
    VivercomSaúde

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