segunda-feira, 31 de maio de 2010

Perdoar é divino







O perdão é um dos ensinamentos básicos do Cristo. Esse ensinamento perpassa todo o Evangelho como uma inovação transformadora no relacionamento pessoal, familiar, comunitário e social.
A história da salvação é uma história de perdão que se inicia nos albores da criação do homem e da mulher e tem sua plenitude no Cristo que é o próprio perdão personificado do Pai. Suas palavras, suas atitudes e todo seu agir levam a marca do perdão, da misericórdia e da compaixão.
Na mais sublime de todas as orações, Cristo nos ensina a invocar o Pai dizendo: “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a que nos tem ofendido”. A propósito, a tradução mais fiel deste versículo no texto hebraico diz: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. São Paulo nos ajuda a entender essa tradução quando recomenda à sua comunidade: “Não tenhais dívida com ninguém, a não ser a do amor mútuo”. (Rm 13, 8)
A oração do Pai Nosso torna-se exigente e questionadora, pois o Senhor subordina seu perdão ao nosso perdão.
Entre as bem-aventuranças proclamadas pelo Cristo está a da misericórdia que é inseparável do perdão: “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7). Bem-aventurança essa que vamos entender melhor quando o próprio Senhor vai dizer: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso... Perdoai e vos será perdoado”. (Mt 6, 36-37)
Certa vez, Pedro lhe perguntou: “quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes”? Jesus lhe respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”: essa expressão bíblica significa que devemos sempre perdoar. (Cf. Mt 18, 21-22)
Impressiona-nos a abrangência do perdão quando Ele pede: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam”. (Lc 6, 27)
Do alto da cruz, o Cristo sofredor nos deixa seu grande testemunho de perdão exclamando: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. (Lc 23, 34a)
Refletindo sobre o ensinamento evangélico do perdão numa perspectiva social, João Paulo II fez uma afirmação surpreendente numa sua mensagem dirigida à Igreja por ocasião da Quaresma de 2001: “O único caminho da paz é o perdão. Aceitar e oferecer o perdão torna possível uma nova qualidade de relações entre os homens, interrompe a espiral do ódio e da vingança e quebra as correntes do mal que amarra o coração dos contendentes. Para as nações em busca de reconciliação e para quantos desejam uma coexistência pacífica entre indivíduos e povos, não há outro caminho se não este: o perdão recebido e oferecido... Amar os que nos têm ofendido desarma o adversário e pode transformar até um campo de batalha em um lugar de cooperação solidária. Trata-se de um desafio que toca cada pessoa individualmente, mas também as comunidades, os povos e a humanidade toda; que interessa, de maneira especial, às famílias”.
O perdão é sempre expressão do amor fraterno, solidário e generoso. Somente perdoa quem ama e na medida com que ama. O perdão, todavia, supõe um caminho de conversão interior, espírito de renúncia e até de sacrifício. É uma conquista que tem a garantia da ajuda divina que jamais falha.
O perdão desarma os ânimos e constrói a paz no coração da pessoa, no relacionamento familiar, comunitário e social. A paz está na essência do cristianismo, de toda mística e espiritualidade e dá sentido pleno ao humanismo cristão.
Vale a pena realizarmos a experiência espiritual do perdão em todo tempo e lugar. Uma experiência que jamais decepcionará, pois é imitação do próprio Cristo.
Sem dúvida, podemos afirmar que perdoar é divino.


Frei Lourenço Maria Papin

Que belo texto. Opine aqui ou use o dihitt.

4 comentários:

  1. Sem a menor dúvida.

    Um forte abraço!

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  2. Conheço uma música que resume bem. Chama-se Inexplicável Perdão;
    O perdão nao pode nunca acontecer onde a mágoa contra alguém permanecer / O perdão não pode nunca existir onde o orgulho que nos cega persistir / Tantas vezes fui ferido sem querer ou com intenções de me fazer sofrer / Como foi difícil ter que aceitar que era meu dever o outro perdoar // Como posso eu querer o Teu perdão se sou fraco em perdoar o meu irmão / Me ajuda em minha falha Ó Senhor / Minha única esperança é Teu amor / Sei que podes transformar meu coração / Prá que eu possa perdoar sem restrição / E assim esteja pronto a receber o perdão que promeste oferecer // Como posso eu querer o Teu perdão se sou fraco em perdoar o meu irmão me ajuda em minha falha Ó Senhor / Minha única esperança é Teu amor / Sei que podes transformar meu coração prá que eu possa perdoar sem restrição / E assim esteja pronto a receber o perdão que promeste oferecer / Nosso Pai desceu céu prá demonstrar o perdão que não podemos explicar / Que lançou um terno olhar de compaixão ao soldado que pregou as suas mãos / E esse mesmo sentimento eu posso ter se meu coração a Ele pertencer / E aprendendo a perdoar o meu irmão estou pronto a receber o Seu perdão.
    abs

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  3. O post diz tudo, perdoar é divino, mas nem sempre é fácil pois somos cheios de imperfeições e egoístas, sem falar no orgulho. Tem gente que diz que perdoa, mas não sabe o real significado do perdão, se há mágoa e rancor no coração não há perdão, é preciso pensar sobre isso.
    Beijos,
    Mari - http://marimartinsatemporal.blogspot.com

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  4. Perdão é um dom, que muitos deveriam cultivar.
    Abraços forte

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