quarta-feira, 26 de maio de 2010

Moradia digna não é favor, é direito constitucional







O processo de regularização fundiária necessita de avanços urgentes em quase todo Brasil. Ouso dizer que o tema tem sido tratado com desleixo pelas autoridades e pelos legisladores, que ignoram aspectos importantes para a conquista plena do direito à moradia.
Milhares de famílias brasileiras vivem hoje em situação irregular, impedidas de realizarem seu sonho de ver concretizado seu direito a uma moradia digna, sem a sombra da desapropriação. É um medo decorrente dessas incertezas oriundas do poder público. O aspecto nefasto da situação ficou escancaradamente evidenciado nas últimas tragédias do Rio de Janeiro, onde presenciamos on-line pelos meios de comunicação o quanto ainda precisa ser feito neste País para resgatar um direito constitucional, conforme estabelece o art. 6º da Constituição Federal.
O exemplo carioca deve despertar na sociedade e nos órgãos competentes a grave situação das ocupações em áreas de risco, assentamentos irregulares sem a infraestrutura mínima para a vida em comunidade. O planejamento urbanístico como ferramenta estratégica de gestão e de desenvolvimento das cidades é muitas vezes desconsiderado e o resultado é o que estamos vendo: moradias instaladas sobre lixões, à beira de rios e de córregos, em encostas inadequadas. Grande parte da população brasileira ainda hoje vive sem energia, sem esgoto e sem água tratada. Temos de estar atentos à qualidade de vida e de saúde, pois a prevenção é a melhor solução.

Essas famílias não possuem segurança ou estabilidade, não sabem como será o dia de amanhã, e, com isso, sua dignidade e seu amor-próprio são desconsiderados. É condição mínima para a paz do cidadão, saber que está sob um teto que não vai desmoronar, que não vai ser invadido por bandidos (ou pela polícia), que não vai ser desapropriado a qualquer momento.
Atualmente, o brasileiro que deseja fazer um financiamento ou outro compromisso financeiro maior não tem como provar a posse de seu patrimônio, ficando impossibilitado de almejar uma vida melhor e com mais dignidade. Por isso, é fundamental regularizar esta situação em todo o Brasil para que as pessoas de bem possam ter suas escrituras.
Também não concordamos com invasões de terras produtivas e nem com a guerra rural que vem acontecendo. Estamos alertas a essas dificuldades e sabemos que muito ainda pode ser feito em prol do homem do campo, mas com responsabilidade, seriedade e organização para as terras não caírem nas mãos de grileiros e especuladores que dificultam a reforma agrária no País.


Jacyra Alves.

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3 comentários:

  1. Willian

    Muitos projetos são realizados para favorecer as classes mais inferiores de nossa sociedade, mas, quando buscamos informações a respeito somos surpreendidos com condições que muitas vezes não são compatíveis com nossas condições financeiras, e assim o sonho deixa de ser realizado mais uma vez.
    Em alguns projetos direcionados a classe média baixa, os maiores favorecidos são aqueles que se utilizam de artimanhas e acabam por adquirir várias unidades e as coloca para locação, um absurdo.
    Parabens pelo post
    Um forte abraço
    Mad

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  2. Parabéns pela postagem, realmente as cidades brasileiras sejam elas de pequeno porte ou as grandes cidades sofrem com a falta de infraestrutura.

    Abraços

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  3. Amigo William, uma matéria muito bem elaborada. A moradia é um direito de todos, e isso deve ser exigido por todo aqueles que ainda possuem suas casas. Muitos projetos surgem, mas nenhum deles caminha, no entanto, para as pessoas de uma classe mais elevada, não existe esse perigo, pois elas podem adquirir seus imóveis sem qualquer tipo de preocupação. Parabéns pela abordagem. Abraços. Roniel.

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