quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Depressão e vida sedentária.


José tem depressão há mais de dez anos. Reclama muito. Diz ter dores por todo o corpo. Pontadas no peito são frequentes. Chora e cai em profunda tristeza.

Vive apático. Seu “encosto” é o sofá da sala. O desânimo é permanente. Às vezes, quando alguém insiste em conversar, José balbucia, e muitas vezes não é compreendido. Vive angustiado. "E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora, José?... Está sem mulher, está sem carinho, está sem discurso, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia, e tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou. E agora, José?” (Carlos Drummond de Andrade)

Casos como os de José são comuns. Mas algo muito importante não é esmiuçado em boa parte dos tratamentos que só levam em conta o aspecto medicamentoso e a psicoterapia, a saber: o sedentarismo. Pacientes com depressão com vida sedentária tornam-se facilmente vulneráveis à depressão grave. Respondem menos a tratamentos. É o que tenho percebido em meus estudos e na prática profissional como analista.

À medida em que a nossa civilização mudou seu paradigma produtivo, à medida em que o ser humano passou a exercer menos atividades com o corpo, trabalhando "mais" com a cabeça, e à medida em que se passou a usar mais a tecnologia a serviço de "desgastar menos", trazendo "mais qualidade de vida", nos tornamos mais sedentários. Hoje em dia gastamos muito menos energia que outrora. O esforço físico tornou-se uma ginástica de dedos.

Por outro lado, na área de saúde, epidemias cresceram avassaladoramente: obesidade, diabetes, problemas circulatórios. No campo da saúde mental, todas as patologias ligadas aos transtornos de ansiedade dispararam em número de vítimas: pânico, depressão, fobias. Seria um acaso? Teria a mudança de estilo de vida uma ligação direta com o aumento das epidemias associadas à ansiedade?

Como muitos estudos na área de saúde mental voltaram-se exclusivamente para a bioquímica cerebral, descartaram uma visão mais ampla do fenômeno de qualidade de vida na etiologia de processos psicopatológicos. A visão unidirecional jogou no lixo aspectos complementares aos tratamentos, que são de crucial importância. Dentre eles a atividade física.

Pacientes com depressão que fazem uma atividade aeróbica por 50 minutos diários deixarão de sentir, ao final de 10 dias em média, dores físicas generalizadas. Os pacientes com atividade física dormem melhor à noite, têm menos indisposição, reagem melhor ao uso dos medicamentos, ganham vitalidade e até melhoram a libido.

Em um mundo mecanizado, o problema do sedentarismo não é atributo exclusivo dos pacientes com depressão ou pânico. Todavia, nestes casos as pessoas que não mudam seu estilo de vida, os que não buscam agregar atividade física aos tratamentos convencionais, dificilmente melhoram.

Nosso cotidiano agitado, perdido na hipervelocidade tecnológica, hiperestimula, por outro lado, a vida sedentária. Velocidade para ficar parado! Um paradoxo interessante.

O estímulo da incompetência pela possibilidade falha da não realização do tempo.

Essa é, em parte, a base da vida sedentária: tentar para quê?

fonte: diário da manhã.

Um comentário:

  1. De fato, a atividade aumenta o nível de endorfinas no cérebro.

    Na Neurodinâmica, comprova-se que as endorfinas são liberadas quando o cérebro "pulsa" com ondas elevadas, entre 20 e 40 hz.

    Por outro lado, a depressão "pesada"se caracteriza por ondas mentais situadas entre 6 e 7 hz. Nesta faixa, curiosamente, está o pulso magnético solar, quando rebatido pela camada da ionosfera terrestre.

    Na inibição dos harmônicos das pulsações "depressivas" e na amplificação dos aceleradores de endorfinas, pode-se auxiliar na eliminação da depressão, sem usar NADA além de pulsos sonoros específicos. Eesta maravilha promete e vem cumprindo um papel crescento no primeiro mundo. Só nos EUA, 35 milhões depessoas utilizam ou utilizaram recursos de estimulação neurotrônica.

    No Brasil, você pode conhecer detalhes em http://numerosdopoder.ning.com

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