Dias atrás
conversava com um amigo sobre uma realidade típica comum a nosso estado
pós-moderno de existir. A existência de seres que têm compulsão, tara por dar
um calote. Conhece o tipo, leitor? São a contraindicação na existência em
consumo.
O tipo caloteiro é
mais que um Zé Carioca ou Pedro Malazarte. É mais que o agenciador público do
menssalão, ou que Daniel Dantas.
O típico caloteiro
é o ser que ostenta o que não tem, que vive de aparências, vaidoso, por vezes
arrogante, e que tem como principal atributo de seu caráter a ausência total de
remorso ou compaixão. Isto valendo para filhos, cônjuge, amigos, familiares,
velhinhas, crianças.
Caloteiro legítimo
não perdoa nem Deus. Vide a quantidade de igrejas que hoje tornaram-se negócio,
comércio, pão divino com etiqueta de preço. São indivíduos que não se importam
com nada e ninguém, e que têm profunda semelhança com os chamados sociopatas,
não se importando com o estrago feito na vida dos outros, importando-se apenas
consigo próprio.
Os mais caloteiros
são os que não têm profissão e carreira definidas. São as pessoas que hoje
acordam como pintor, amanhã serão corretores de imóvel, no passado revendiam
semijoias e por aí vamos.
Ser caloteiro não consegue firmar-se em uma carreira
ou em uma profissão, normalmente tornando-se “meia-boca” em quase tudo que
promove, a exceção de sua lábia.
Todo caloteiro que
se preze é bom de conversa. São exímios vendedores e marqueteiros. Diariamente
conseguem votos dos indecisos, são os que mudam a realidade na retórica e
falácia, são os que falam em discursos com vastas promessas que jamais vão
cumprir.
Nossa política é
recheada de caloteiros, basta retomarmos as promessas de campanha feitas há
duas décadas e comparar o que foi prometido com o que temos.E onde mesmo é que
foi parar nosso dinheiro do FGTS, ou o que era pra ser investido na saúde e
educação que viria do pré sal (destinado da falida Petrobras)? Mostro aqui que o
caloteiro é o ser que muito promete e que em raras vezes entrega o que foi
acordado.
Mas na vitimologia,
disciplina que lecionamos por anos, é evidente que existe uma psicodinâmica
regida por uma lei de atração curiosa: todo caloteiro acaba encontrando uma
pessoa que é “esperta” e que jura que vai se dar bem de uma forma fácil. Quem
lembra do Avestruz Master ou do Boi Gordo?
Golpes bilionários que lesaram
milhares de pessoas , os proprietários do negócio hoje moram em algum paraíso
fiscal distante, história da carochinha, mas fato real.
Na época tinha
muita gente esperta jurando que existia um negócio que daria rentabilidade
maior que 30% ao mês. Ganância, falta de senso crítico, falta de percepção para
ler um contrato e atentar-se às pequenas cláusulas (que poderiam ser definidas
como pega trouxa).
E assim se ludibriou juízes, delegados, advogados e muita
gente da sociedade. Fazer o quê? Dinheirinho bateu asas e voou voou... tá lá
nas Ilhas Canárias comendo lagosta.
Como os dependentes
químicos, raros caloteiros procuram ajuda profissional para um tratamento. Por
não ter remorso, ter seu superego atrofiado, caloteiros não têm problemas.
Quem sofre são os
parentes, pai e mãe, cônjuge, filhos e afins. Suas vítimas em várias das vezes
tornam-se pacientes psiquiátricos. Todavia é interessante que há na sociedade
um mito que envolve na mesma figura amor e ódio. Caloteiros viram anedota e
filme.
São seres cultuados e divinizados, ganhando
até chave da cidade e do Estado título de cidadão honorário, com direito de foto
ao lado do governador.
Caloteiros prestam assim um amplo serviço à sociedade,
por isto o apreço por parte dos políticos.
Ou seria a
identificação por serem a sua imagem e semelhança?
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Essas pessoas existem mesmo, em conheço uma pessoa que sempre viveu além do que podia, por isso acabou sendo demitido do banco que trabalhava por justa causa, deu golpe em toda a cidade e, com a desculpa de procurar emprego em outra cidade foi e acabou abandonando a esposa e filhos pequenos, simplesmente foi morar com outra mulher e a esposa e filhos que se virem.
ResponderExcluirOs Benefícios da Previdência