A geração “Y” ficou
para trás. Já estabelecida no mercado de trabalho e envolta com as suas
dificuldades em conquistar o equilíbrio entre a realização profissional e
pessoal, cede espaço à “Z”. Esta, porém, pasmem, não tem ideia do que
acontecerá com seu futuro. Quer apenas desfrutar o hoje. O vasto acesso à
informação permite a esses jovens sentir que o mundo cabe em suas mãos.
Num ambiente de
excessos, a opinião de seus amigos é confiável e mais influente do que a das
marcas. É o que aponta estudo inédito sobre a “Geração @ e as Mudanças dos
Consumidores Teen”, realizada pela Enfoque Pesquisa de Marketing.
Uma das principais
etapas na vida dos “Z” é entrar na faculdade. Entretanto, muitas instituições
de Ensino Superior ainda torcem o nariz quando o assunto é tratar o aluno como
o seu principal cliente, ignorando seu perfil, receios e desejos. As mais de
2.400 Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil, que concentram os sete
milhões de alunos matriculados no país, vivem dilemas que antes não preocupavam
a alta administração.
O marketing,
outrora uma área de luxo, torna-se um setor estratégico e fundamental no
processo de entender as necessidades dessa geração e oferecer atrativos que
retenham o estudante durante todo o curso.
O mercado de
educação particular representou, em 2012, quase 1% do PIB brasileiro. Com
receitas que giram em bilhões, muitas IES lançam mão de estratégias
ultrapassadas e enfadonhas na hora de captar o aluno pertencente a uma geração
imediatista, impaciente e intensa. Enquanto o “Y” está saindo e ocupando o seu
espaço no mercado de trabalho, o “Z” está em seu processo de escolha.
Para ele, é natural
começar um curso, pausar e continuar em outro, até que o conhecimento almejado
seja construído.
Júlio César de
Castro Ferreira, especialista em comunicação digital e psicopedagogia, reforça
que esses jovens não querem prender-se a apenas uma área de conhecimento, pois
o seu desejo em experimentar é tão amplo quanto as possibilidades que se
apresentam a partir desse novo nível de conectividade. Qual curso de graduação
escolher? Por que passar quatro anos em uma faculdade, se é possível viajar e
conhecer o mundo?
Os “Z”, nascidos em
meados da década de 1990, não são capazes de imaginar suas vidas sem
computador, celular, redes sociais e chats. Diferentemente de seus pais,
sentem-se à vontade quando ligam ao mesmo tempo a TV, rádio, telefone, música e
internet. Júlio Cesar reforça, ainda, que não são mais influenciados pela mídia
de massa e não aceitam ser consumidores passivos.
Para eles, a opinião de terceiros,
principalmente dos amigos, é decisiva para a tomada de decisão, normalmente
formada e sacramentada nas redes sociais. Valorizam muito as empresas e
instituições que dão atenção a sua opinião e viabilizam uma interação aberta
com o seu público.
O marketing focado
no produto e nas vendas ficou para trás. Estamos numa época voltada aos
valores. O jovem, quando em processo de escolha, leva em conta muito mais do
que os fatores tradicionais que as faculdades costumam destacar em suas campanhas
de captação de alunos: preço, localização e corpo docente. Ele quer mais.
Philip Kotler, em seu livro Marketing 3.0: as forças que estão definindo o
novo marketing centrado no ser humano, defende que estamos na era da
sociedade criativa e do marketing do espírito humano.
Em um mundo
colaborativo e interligado, os consumidores expressivos são os que mais usam as
redes sociais. Eles criticam marcas que têm impactos sociais, econômicos e
ambientes negativos na vida das pessoas.
As redes sociais
são parte fundamental na vida dos adolescentes brasileiros para se
socializarem, conhecerem pessoas, terem reconhecimento e autoestima. Em seus
perfis, eles se mostram como querem ser vistos, geram e compartilham conteúdo
constantemente. E esse espaço é fundamental na escolha de uma universidade.
Dessa maneira, as
IES precisam aumentar a sua presença nas redes sociais e torná-las um espaço
oficial de interação com os jovens. Eles querem tirar as suas dúvidas em um
chat no Facebook, em vez de ligar e esperar um atendente lhe dar a informação.
E uma vez que optaram pela IES, esperam encontrar na fanpage da sua faculdade
as respostas para os seus problemas acadêmicos e também todas as informações
sobre eventos, cursos e conteúdos relevantes sobre as suas áreas de interesse.
Considerando que esses alunos são envoltos em um mundo de games, cabe às IES
pensar em conteúdos mais atrativos em sala de aula, capacitando o professor -
primordial nesse processo - a usar a tecnologia para tornar as aulas mais
interessantes.
Essa preocupação em
captar alunos deve estender-se a outros processos de relacionamento. É
fundamental estabelecer um padrão de qualidade na prestação de serviços durante
todo o período do curso.
A mesma IES que
mostrou ao aluno o quanto podia oferecer deve ouvi-lo e atendê-lo quando ele
precisar. Isso enquanto o jovem ainda está em sala de aula, já que a tendência
é que a educação a distância ocupe cada vez mais o espaço da presencial: o
número de matrículas subiu de 40 mil, em 2002, para 1,1 milhão, em 2012, de
acordo com o Ministério da Educação.
É a modalidade que mais cresce no país e hoje
representa mais de 15% do total de estudantes. Estratégias de marketing para
captação e retenção de alunos somente terão sucesso se considerarem todas essas
transformações do mundo.
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