Quantos de nós não passamos por uma situação onde as coisas
param de funcionar e o responsável nos diz que a culpa é do ‘Sistema’? É
normal, após muito tempo nas filas de um banco, o funcionário nos informar que
o ‘Sistema’ caiu e as operações ficam suspensas até a sua volta.
Da mesma forma, em muitas empresas, as notas fiscais não podem
ser emitidas, nem os pagamentos efetuados quando o famoso ‘Sistema’ está fora.
Isso acontece em todas as operações em que a tecnologia nos obriga a depender
de um bendito ‘Sistema’, criado originalmente para facilitar a nossa vida.
Já lhe aconteceu de estar fazendo uma compra em uma loja e o
‘Sistema cair’? Dá para imaginar algo semelhante nos Sistemas de Defesa e
controle de armas nucleares de qualquer país? Pode ser que o ‘Sistema’ dê
início a uma nova guerra mundial.
Por outro lado, já ficou convencionado que, quando ocorre uma
pane deste tipo, não existe uma pessoa responsável. É tudo culpa do ‘Sistema’,
que passou a ser uma entidade superior, como uma divindade. Numa empresa, ele
manda mais que diretores ou o próprio presidente, pois não adianta eles
ordenarem que o ‘Sistema’ volte a trabalhar. Ele retorna quando quer, falta ou
sai de férias quando quer e ninguém tem autoridade para contestá-lo.
Muitas vezes penso nos benefícios, malefícios e na própria
criação desse intocável ser maligno. Ele é uma entidade criada artificialmente,
através de um processo mágico, para nos servir. Ele lembra a fábula do Golem
que, no folclore e na cabala judaica, é um ser artificial e sem vontade
própria, criado para satisfazer as vontades de quem o criou. Embora sem
inteligência, ele podia fazer tarefas simples.
O problema era que, repentinamente, ele ficava sem controle, se
tornava muito perigoso e fazê-lo parar era uma árdua tarefa, mesmo para os
melhores rabinos e cabalistas. Na tradição esotérica, ele tinha a palavra
Emeth, que significa Verdade, em hebraico, na sua fronte ou debaixo de sua
língua e, para desativá-lo, seu criador precisava apagar a primeira letra e
transformar a palavra em Meth, que significa Morte.
Isso lembra uma senha para acessar um programa de computador ou
um ‘Sistema’, e ativá-lo ou desativá-lo. O problema é que nós nos acostumamos
tanto com as suas tarefas que, hoje, é difícil viver sem nosso ‘Golem Sistema’.
Quando ele falha, a nossa vida fica complicada e vemos o quanto dependemos
dele. Se um dia ele ficar fora de controle, quem conseguirá acessá-lo para
apagar a primeira letra?
Nas histórias do Golem, quando isso aconteceu, o preço para
desativá-lo foi o de muitas vidas, inclusive, as de seus criadores. Hoje, pode
ser que custe a vida de toda a humanidade.
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário